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Linha Direta

Colômbia e Venezuela acertam cooperação para superar crise na fronteira

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As chanceleres da Colômbia e da Venezuela se reuniram nesta quarta-feira (26) em Cartagena para discutir a situação crítica na fronteira entre os dois países, considerada pelo governo colombiano como uma “crise humanitária”. Depois de mais de uma semana do bloqueio de fronteira, por ordem do presidente venezuelano Nicolas Maduro, o número de colombianos deportados ultrapassa 1.000.

A chanceler venezuelana, Delcy Rodriguez (esq), e sua homóloga colombiana, Maria Angela Holguin, durante encontro em Cartagena, em 26 de agosto de 2015.
A chanceler venezuelana, Delcy Rodriguez (esq), e sua homóloga colombiana, Maria Angela Holguin, durante encontro em Cartagena, em 26 de agosto de 2015. REUTERS/Manuel Pedraza
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Mariana Clini Diana, correspondente da RFI em Bogotá

A chanceler colombiana María Ángela Holguin e sua homóloga venezuelana Delcy Rodríguez, discutiram como atuarão frente ao problema de contrabando e outras atividades ilegais na fronteira entre os dois países.
Apesar de não chegarem a um acordo para a reabertura da fronteira, Holguin e Rodriguez concordaram em unir esforços dos dois países para melhorar a situação crítica nas áreas fronteiriças. Decidiram que serão organizados encontros entre os ministros da defesa para discutir a segurança local e combater grupos criminais. Também se reunirão os “defensores do povo” de ambos países para atender à população vulnerável na região.

Tensão na fronteira

Na fronteira entre o Estado venezuelano de Táchira e o departamento colombiano Norte de Santander, o clima é de muita tensão nos dois lados. Este é o espaço limítrofe de maior circulação entre estes dois países, com o transito diário de 450 mil pessoas. Com o argumento de que grupos colombianos paramilitares de direita estão invadindo a Venezuela para desestabilizar seu governo, o presidente Nicolas Maduro decretou Estado de Exceção na última sexta-feira (21) e ordenou deportar os colombianos em situação ilegal.

O jornal local da cidade colombiana de Cúcuta, La Opinión, relata que no lado venezuelano mais de 900 famílias foram expulsas de suas casas com violência. Habitantes do bairro de invasão Mi Pequeña Barinas, em San Antonio del Táchira, tiveram suas casas marcadas com a letra R – de revisado – ou com a letra D – de demolição. Sem ter para onde ir, o que restou a estas famílias foi carregar seus pertences nos ombros e lutar contra a corrente do rio Táchira para chegar ao lado colombiano. Apesar dos relatos, a chanceler venezuelana Delcy Rodriguez afirmou que as agressões reportadas não passam de “uma manipulação mediática”.

Já no lado da Colômbia, a cidade de Cúcuta está servindo de refúgio temporário para os colombianos deportados. Para recebê-los, foram abertos sete albergues, seis deles improvisados na última semana. Mesmo que a situação destas famílias desalojadas estejam no foco de atenção de políticos colombianos e da mídia, o prefeito Donamaris Ramírez afirma que vai ser “muito difícil seguir atendendo e resolvendo a situação de todas as pessoas que chegam à cidade”.

As famílias não são as únicas prejudicadas, atividades econômicas da região também foram afetadas na última semana. Seis mil toneladas de carvão deixaram de ser exportadas diariamente e estão represados no lado colombiano, atingindo 7.000 famílias que tiram seu sustento desta atividade.

Atividades ilegais na fronteira

O contrabando é comum nas áreas fronteiriças entre os países vizinhos. Muitos produtos possuem um preço favorável no lado da Venezuela, resultado do subsídio oferecido pelo governo. Por isso, o trânsito de pessoas entre os dois países levando gasolina e produtos de consumo básico para o lado colombiano sempre fez parte da rotina das cidades limítrofes. Estas atividades ilegais muitas vezes são controladas por grupos de paramilitares colombianos desmobilizados. Segundo Nicolás Maduro, estes grupos ilegais possuem o objetivo de atacar a moeda venezuelana pelas ruas de Cúcuta.

Na reunião de ontem, a chanceler Holguin reconheceu que tais grupos criminais colombianos causam danos à economia Venezuela, assim como também à Colômbia.

Santos mantém posição “diplomática”

Esta não é a primeira vez que a relação entre os dois países se mostra fragilizada. Mesmo assim, Santos costuma tomar uma atitude diplomática frente aos conflitos com o país vizinho. Sua posição muitas vezes tem gerado críticas, principalmente da oposição política.

Na última segunda-feira (24), em sua visita à Cúcuta, o ex-presidente colombiano Álvaro Uribe afirmou que a “amizade” de Santos com o regime “castro-chavista” desencadou a crise na fronteira. Ele chegou a comparar a situação ao Holocausto de judeus na época da Alemanha Nazista. Mesmo a comparação sendo exagerada, Uribe foi aplaudido pelos habitantes de Cúcuta.

Apesar da opção de tratar a situação pelo diálogo e de forma pacífica, Santos também esteve pessoalmente em Cúcuta e garantiu que todos os colombianos serão recebidos com condições mínimas para seu bem-estar. E reforçou que exige das autoridades venezuelanas “respeito pela dignidade dos colombianos”.

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