Ignorando crise interna, Merkel vai a Brasília tratar de clima, economia e cibersegurança
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A chanceler alemã, Angela Merkel, chega a Brasília nesta quarta-feira (19) com uma grande delegação, para a estreia das chamadas consultas governamentais de alto nível com o Brasil. Esse tipo de encontro de cúpula reunindo diversos ministros de Estado, a Alemanha só tem com poucos países, que considera estrategicamente importantes. Na pauta da reunião estão assuntos como economia, cibersegurança, meio ambiente e tratados de cooperação nas áreas de pesquisa, tecnologia e educação.
Marcio Damasceno, correspondente da RFI em Berlim
As consultas governamentais de alto nível são encontros de cúpula regulares que a Alemanha tem com um seleto grupo de países que Berlim considera importantes e com quem os alemães querem ter relações especialmente estreitas. Esse grupo inclui até agora nove países, entre eles, EUA e Rússia. Dos chamados emergentes, até agora a Alemanha mantém esse tipo de intercâmbio apenas com China e Índia. Essa vai ser a primeira vez com o Brasil.
Para isso, Merkel chega a Brasília levando metade de seu ministério, representantes de secretarias de Estado e uma grande comitiva de empresários. A chanceler chega ao Brasil acompanhada dos seus ministros das pastas de Exterior, Interior, Desenvolvimento, Agricultura, Meio Ambiente, Saúde, Transportes e Cultura. Também compõem a delegação os vice-ministros da Economia, Defesa, Trabalho e de Assuntos Sociais, das Finanças e da Educação e Pesquisa.
Temas principais
Entre os principais focos da chanceler está a questão climática, considerada muito importante pelos alemães. Os dois países pretendem se posicionar conjuntamente para a cúpula climática da ONU que será realizada em dezembro, em Paris. Merkel aposta no Brasil como aliado para tentar evitar um fracasso na conferência do clima.
Deve ser reforçada a cooperação bilateral na área de proteção ambiental e climática, proteção florestal, energias renováveis, e assinados mais de 10 memorandos de entendimento pelos ministros de cada país sobre assuntos como mobilidade urbana, intercâmbio de tecnologia, cooperaçõess em pesquisa e educação, certificação de produtos, investimentos em infraestrutura, entre outros.
Um outro tema importante é a segurança na internet. Os dois países querem avançar as discussões sobre cibersegurança. A preocupação uniu os dois países depois que a presidente Dilma e a chanceler Merkel descobriram que seus telefones foram grampeados pela agência de espionagem americana NSA. É previsto um reforço da cooperação na área da proteção de dados.
Brasil e Alemanha também devem debater a reforma do conselho de segurança da ONU, no qual ambos os países pleiteiam um assento permanente.
As consultas intergovernamentais também serão importantes para o fórum sobre questões econômicas. A Alemanha é a quarto maior parceiro comercial do Brasil, depois de China, EUA e Argentina, tendo um volume de comércio de mais de US$20 bilhoes. As empresas alemãs cobram do Brasil uma maior abertura de mercado, um sistema fiscal mais simples e menos burocracia.
Imagem do Brasil na Alemanha
No momento, os escandalos de corrupção, a crise econçomica brasileira e os protestos pedindo a saída de presidente Dilma são os principais assuntos que aparecem sobre o Brasil na mídia alemã. O porta-voz do governo alemão, entretanto, minimizou os atuais problemas brasileiros ao falar sobre a viagem de Merkel, dizendo que os problemas internos do país não têm influencia alguma sobre as consultas intergovernamentais.
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