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Linha Direta

Acordo com Irã revolta oposição norte-americana

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Após dias de negociação, Estados Unidos, China, Rússia, Alemanha, Grã-Bretanha e França fecharam, nesta terça-feira (14), o esperado acordo com o Irã em torno do programa nuclear do país. As seis grandes potências decidiram eliminar de vez a possibilidade de Teerã desenvolver armas nucleares a curto e médio prazos.

O presidente americano Barack Obama celebra o acordo nuclear das grandes potências com o Irã, uma de suas maiores vitórias desde que ele chegou a Casa Branca.
O presidente americano Barack Obama celebra o acordo nuclear das grandes potências com o Irã, uma de suas maiores vitórias desde que ele chegou a Casa Branca. REUTERS/Jonathan Ernst
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Eduardo Graça, correspondente da RFI em Nova York

O presidente norte-americano Barack Obama celebrou o que ele considera ser uma de suas maiores vitórias nas relações exteriores desde que entrou na Casa Branca, em 2009. “Teerã só aceitou sentar na mesa de negociações porque sua economia foi severamente debilitada nos últimos anos, depois de o mundo inteiro concordar conosco de que um Irã com armas nucleares seria um grande perigo para o Oriente Médio, nossos aliados e o planeta”, afirmou, se referindo aos anos de sanções econômicas impostas pela comunidade internacional.

O argumento principal dos EUA na mesa de negociações foi o que Obama definiu como “o histórico negativo do Irã nas últimas décadas”, ou seja, o apoio, especialmente no Oriente Médio, a grupos considerados terroristas pela administração democrata e a tentativa de Teerã de desenvolver armas nucleares de forma secreta. O presidente americano citou como principais pontos do tratado a eliminação de 98% do urânio já enriquecido por Teerã e a mais restritiva política de fiscalização jamais imposta à atividade nuclear de um país, a ser posta em prática pelos próximos dez anos.

Oposição e Israel reclamam

Houve quem torcesse o nariz para o fato de as maiores potências do planeta não terem arrancado de Teerã concessões ainda maiores, garantindo, como defendia Israel, a eliminação completa da infra-estrutura nuclear do Irã. Mas o presidente Obama mandou um recado para os críticos, afirmando que “jamais se pensou, no Departamento de Estado, que as sanções econômicas levariam a uma eventual mudança de regime no Irã. Isto jamais foi parte do jogo”.

Os principais líderes da oposição já avisaram que vão trabalhar para vetar o tratado nos próximos dois meses, prazo para os legisladores examinarem os termos do acordo e votarem sua validade. Para derrubar um veto do presidente Obama, no entanto, é preciso arregimentar 2/3 dos congressistas, o que significa conquistar um grupo significativo de membros do Partido Democrata.

Eleições 2016

Para o correspondente da RFI em Nova York, Eduardo Graça, a estratégia será transformar este tema em símbolo da política externa de Obama, considerada fraca pela direita. "A Casa Branca, por outro lado, defende que a Era Obama é marcada pelo retorno dos EUA às ações multilaterais, em que se destacam a resolução da crise nuclear iraniana e a reaproximação diplomática com Cuba. Dois assuntos antigos que, uma vez resolvidos, diferenciam a atual administração democrata da postura belicista da Era Bush", afirma Graça. Resta saber como agirão os democratas, todos de olho nas eleições de 2016, quando além do sucessor de Obama os eleitores americanos elegerão novos deputados e senadores.

Hillary Clinton, principal candidata da situação, anunciou seu apoio ao acordo e prometeu trabalhar nos bastidores para evitar eventuais defecções democratas na hora do voto. Já o partido republicano atacou em peso o texto e disse que, se eleito, vai retirar a assinatura dos EUA do pacto firmado ontem em Viena.

Para ouvir o Linha Direta com Eduardo Graça, correspondente da RFI em Nova York, clique no link acima.

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