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Linha Direta

Grécia terá de pagar preço salgado por novo resgate

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Atenas terá que implementar medidas draconianas de austeridade que foram rejeitadas no referendo pelo povo grego. Entre elas, estão as reformas trabalhistas, aposentadorias, impostos e taxas, além de medidas bastante duras na área de privatizações. Os credores internacionais querem que as propostas gregas sejam transformadas em leis e devem ser aprovadas pelo parlamento grego.

Depois de 17 horas de negociação, os líderes dos países da zona do euro chegaram a um acordo sobre a Grécia.
Depois de 17 horas de negociação, os líderes dos países da zona do euro chegaram a um acordo sobre a Grécia. REUTERS/Yves Herman
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Letícia Fonseca, correspondente da RFI em Bruxelas

Entre as decisões do acordo está a criação, proposta pela Alemanha, de
um fundo financiado por receitas das privatizações. Esse fundo de privatizações de € 50 bilhões formado por ativos gregos, será baseado na Grécia, e não mais em Luxemburgo, como queriam os líderes da zona do euro.

A missão do fundo é gerir a venda de ativos gregos que servirá para garantir o novo empréstimo e, posteriormente, pagar a dívida do país. Esta semana, os ministros das Finanças da zona do euro devem começar negociações sobre as possibilidades de financiamento para a Grécia, que tem de pagar €7 bilhões ao Banco Central Europeu em julho e agosto, antes da liberação do terceiro pacote de resgate financeiro.

Divergências

As divisões entre os ministros das Finanças da zona do euro estão mais claras do nunca. As posições divergentes da Alemanha e França mostraram bem esse conflito sobre a estratégia em relação à crise grega. Paris assumiu a liderança do grupo que apóia Atenas, rejeitando uma eventual saída da Grécia da zona do euro, junto com Itália, Portugal, Espanha, Irlanda, Luxemburgo e Chipre. Temia-se que a saída da Grécia do euro pudesse ter um efeito de contágio em países com dívida pública elevada e com partidos eurocéticos em alta.

Do outro lado, Alemanha e Finlândia lideraram o grupo dos países inflexíveis, com uma postura mais austera. Ambos apoiaram a hipótese de uma saída temporária da Grécia da zona do euro, por cinco anos, caso Atenas não aprofundasse as reformas apresentadas por Tsipras. A idéia teve o apoio da Holanda, Áustria, Bélgica, Eslováquia, Eslovênia, Estônia, Letônia e Lituânia.

Rússia

A Rússia, no momento, sofre sanções europeias e americanas por causa do conflito com a Ucrânia e tem pouco dinheiro sobrando para apoiar a Grécia diretamente. Mas na semana passada, Moscou afirmou estar preparada para ajudar Atenas, caso necessário. Certamente essa aproximação pode levar a problemas geopolíticos, desestabilizando assim o equilíbrio da região.

Além de complicações para a economia global, a saída da Grécia do euro poderia trazer também implicações na segurança mundial. O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, se reuniu com o presidente russo, Vladimir Putin, em abril e junho passados. Moscou pretende fornecer gás mais barato para a Grécia e tenta persuadir os gregos a se envolver no planejado gasoduto turco que levará gás natural para a Europa através da Turquia. Dessa maneira, a Rússia cumpria parte de sua estratégia para avançar para o Mar Mediterrâneo.

 

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