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Linha Direta

Cúpula do BRICS ressalta diferenças entre economias da China, em crescimento, e do Brasil, em crise

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A 7ª Cúpula dos BRICS reúne a partir desta quarta-feira (8) as economias emergentes – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – na cidade russa de Ufá. Apesar do anúncio dos detalhes do funcionamento do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), a grande preocupação do encontro é o crescimento desigual das economias brasileira e russa, em crise, em relação à chinesa, a todo vapor. A presidente Dilma Rousseff chega nesta tarde para a cúpula e terá uma agenda intensa nesta quinta-feira (9).

Abertura nesta quarta-feira (8) da 7ª Cúpula dos BRICS– Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul- na cidade russa de Ufá.
Abertura nesta quarta-feira (8) da 7ª Cúpula dos BRICS– Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul- na cidade russa de Ufá. http://brics2015.ru
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Luiza Duarte, correspondente da RFI e enviada especial a Ufá

A 7ª Cúpula dos BRICS deve se concentrar nos novos compromissos e nos avanços para o lançamento do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), mas também se preocupa com o enfraquecimento das economias russa e brasileira, ao contrário da posição de destaque da China no cenário econômico mundial - o que pode provocar um desequilíbrio no bloco. Hoje, o PIB da China já é maior que de todos os outros países do BRICS juntos.

A Rússia, país que está na presidência do bloco, tenta reforçar a parceria e mostrar que não está isolada, diante das sanções econômicas impostas por nações ocidentais com a crise com a Ucrânia. Enquanto o Brasil tem uma série de reuniões de trabalho com os líderes dos países membros e com o Conselho Empresarial do BRICS.

Dilma Rousseff

A presidente Dilma Rousseff pernoitou na cidade do Porto, em Portugal, e deve chegar a remota cidade de Ufá, a mais de 1.100km da capital russa Moscou, no final do dia. A noite ela participa de um jantar oferecido pelo governo russo aos chefes de Estado do BRICS.

Na quinta-feira (9), ela terá uma agenda cheia, com reuniões de trabalho com os líderes dos países membros e deve realizar também encontros bilaterais, que ainda não foram confirmados. A presidente também participará de um jantar oferecido para os membros da Organização da Cooperação de Xangai, cuja Cúpula acontece simultaneamente. Deste último organismo internacional fazem parte China, Cazaquistão, Quirguistão, Rússia, Tadjiquistão e Uzbequistão. Já o Irã tem status de observador, por isso o presidente Hassan Rouhani também está em Ufá e participa do evento.

Novo Banco de Desenvolvimento

A maior expectativa é que seja assinado o documento "Estratégia para uma Parceria Econômica do BRICS", que vai traçar o plano de ação para a cooperação econômica e comercial do bloco, englobando setores como energia e infraestrutura.

Os detalhes sobre o funcionamento do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) ou Banco do BRICS também devem ser anunciados. O conselho dessa nova instituição realizou nesta terça-feira (7) em Moscou sua primeira reunião. O NBD já havia sido proposto há dois anos e sua criação foi anunciada durante a última Cúpula do BRICS em Fortaleza.

A instituição será presidida por um indiano. A vice-presidência ficará com o economista brasileiro Paulo Nogueira Batista Junior, atual diretor-executivo no Fundo Monetário Internacional. Já a sede será em Xangai, na China. Seu lançamento é considerado uma das maiores conquistas do bloco.

No entanto, ele precisa ser aprovado pelo legislativo de cada país membro para entrar em vigor. Essa ratificação só foi feita pela China na última semana e pelo Brasil no mês passado. O banco teve sua data de entrada em funcionamento adiada e só estará operacional no próximo ano.

Seu capital inicial é de U$S 50 bilhões, divididos em partes iguais entre os membros. No futuro, países do porte do México e da Turquia poderão fazer parte da instituição.

O lançamento da nova instituição financeira vem sendo celebrado como o primeiro passo para quebrar o domínio do FMI e do Banco Mundial no setor. Além de servir como um mecanismo para garantir mais espaços para outras moedas, além do dólar americano, no comércio internacional. No entanto, seus líderes sublinham que o novo mecanismo financeiro pretende ser complementar e não têm objetivo de substituir as instituições já existentes, onde Europa e Estados Unidos têm maior influência.

Avanços do bloco

A primeira Cúpula dos BRICS aconteceu em 2009, na Rússia. De lá para cá, essa plataforma de diálogo e intercâmbio entre essas economias emergentes, que têm pontos de interesse comum, foi consolidada. A cooperação vai além do plano econômico e se estende a parcerias em educação, tecnologia e turismo.

Segundo um relatório produzido pelo Grupo de Pesquisa do BRICS, da Universidade de Toronto, no Canadá, de 2014 para cá, o bloco cumpriu 70% dos engajamentos assinados. Os especialistas avaliaram as oito prioridades contidas nos 68 compromissos assinados pelos países durante a presidência brasileira. O resultado da performance está dentro da média registrada nos últimos quatro anos, o que mostra que o BRICS avançou.

A meta que foi cumprida a 100%, segundo o mesmo estudo, foi a implementação da Convenção para a Diversidade Biológica. A maioria dos países também tomou ações concretas para a implementação dos objetivos do milênio para a educação e da estratégia das Nações Unidas para o lutar contra o terrorismo.

Os BRICS representam um quinto da economia mundial e 40% da população do planeta.
Além disso, o Arranjo Contingente de Reservas (ACR), fundo de resgate financeiro anunciado pelo bloco no ano passado, terá um investimento US$ 100 bilhões. Deste valor, US$ 41 bilhões serão dados pela China, enquanto Brasil e Rússia participam com US$ 18 bilhões. Já a África do Sul entra com outros US$ 5 bilhões.

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