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Paris promete fazer Olimpíadas com metade do gasto de Londres

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Agora é oficial: Paris é candidata a sediar as Olimpíadas de 2024. A cidade entra na disputa para vencer, depois de fracassar quatro tentativas. A última foi para os Jogos Olímpicos de 2012, que acabaram acontecendo em Londres, uma derrota que os franceses jamais engoliram.

Prefeita de Paris, Anne Hidalgo, formalizou a candidatura da cidade nesta terça-feira.
Prefeita de Paris, Anne Hidalgo, formalizou a candidatura da cidade nesta terça-feira. Photo: AFP/Patrick Kovarik
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Desde então, Paris se planeja para apresentar a próxima candidatura. Algumas obras, como a extensão de Roland Garros, já foram pensadas com vistas às Olimpíadas de 2024, exatos 100 anos depois da última vez que a Cidade Luz recebeu a maior competição esportiva do planeta.

As sucessivas polêmicas financeiras envolvendo a realização de grandes eventos esportivos, como os gastos exorbitantes para as Olimpíadas de Atenas, levaram os franceses a fazerem um projeto com os olhos vidrados na calculadora. A prefeitura de Paris promete um orçamento reduzido, de apenas € 6,2 bilhões. O valor equivale a menos da metade dos gastos públicos de Londres, que chegaram a € 13 bilhões. Na opinião do professor Jean-Pascal Gayard, especializado em economia esportiva da Universidade de Le Mans, o orçamento parisiense é “irrealista”.

“As experiências do passado mostram que jamais o orçamento inicial anunciado foi o gasto efetivo. Em média, o valor final é multiplicado por até 3 vezes. Mas ainda assim, é certo que as cidades se esforçam para gastar o mínimo possível”, afirma. “Essa é uma exigência que a gente vê na maioria dos países, desde que os habitantes tomaram consciência de que os gastos para os grandes eventos esportivos eram exagerados e, muitas vezes, prejudiciais para o país.”

Referendo

O pesquisador destaca que a prefeita de Paris, Anne Hidalgo, prometeu consultar os franceses sobre a disposição da população em receber os Jogos. O modelo dessa verificação ainda não foi estabelecido, mas o precedente do referendo realizado em Munique não é animador: acabou levando a cidade a retirar a candidatura para os Jogos de Inverno de 2022.

“Vimos movimentos contrários aos Jogos Olímpicos em países próximos da França, como na Alemanha, Suíça, Noruega e Polônia. Não podemos descartar o surgimento de um movimento opositor para os Jogos da França em 2024”, pondera. “Primeiro será necessário confirmar essa candidatura junto aos parisienses.”

Concorrentes

Até agora, a capital francesa já tem três concorrentes confirmados: Boston (Estados Unidos), Hamburgo (Alemanha) e Roma (Itália). Outras quatro ainda avaliam a possibilidade de se candidatar: Durban (África do Sul), Budapeste (Hungria), Doha (Catar) e Istambul (Turquia). A decisão será em 2017, uma escolha que deve ser marcada por ainda mais transparência, na esteira dos escândalos de corrupção na Fifa.

O pesquisador Christophe Lepetit, do Centro de Direito e Economia do Esporte de Limoges, lembra que o Comitê Olímpico Internacional (COI) já foi confrontado a uma situação semelhante, embora menos grave. Foi nos Jogos de Inverno de 2002, em Salt Lake City.

“Depois deste episódio, muito mais transparência foi integrada ao processo de candidatura, com possibilidade de consultar os dossiês, com o uso de critérios mais objetivos. Também não se pode achar que sempre há corrupção em tudo que é instância esportiva. O lobby, por exemplo, é totalmente legal, autorizado e praticado em todas as instâncias da vida cotidiana, da política, economia e do esporte”, explica. “É preciso ser bom em lobby, sem ultrapassar a linha vermelha da corrupção.”

Chances

Lepetit ressalta que, no ano passado, o COI diminuiu as exigências para a atribuição das cidades-sede. Ele considera que Paris parte de boas bases nesta disputa, com a necessidade de construção de poucas obras para viabilizar as Olimpíadas.

“Me parece que a candidatura de Paris é muito séria. Mas daí a dizer que é a cidade favorita, é um passo que eu não daria hoje, principalmente porque há muitos elementos subjetivos que entram na jogada, além da qualidade da candidatura. Tem todo o lobby e as relações internacionais do movimento olímpico que vão atuar. E quanto a isso, sempre há incertezas”, observa.

Os especialistas apontam a candidatura americana de Boston como a mais perigosa para as ambições de Paris.
 

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