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Blatter é inescrupuloso e Fifa deve rever seu modelo de gestão

A operação da polícia suíça e as investigações da justiça americana que escancararam os bastidores de um grande esquema de corrupção na Fifa dominam as manchetes da imprensa francesa desta quinta-feira (28). Os jornais sugerem reformas na entidade, comparada a uma máfia, e defendem a saída de Joseph Blatter do comando da entidade.

Capa dos jornais franceses L'Equipe, Libération, Aujourd'hui en France desta quinta-feira, 28 de maio de 2015.
Capa dos jornais franceses L'Equipe, Libération, Aujourd'hui en France desta quinta-feira, 28 de maio de 2015.
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Libération escreve em título: "Fifa Nostra", uma referência à máfia italiana Cosa Nostra, uma organização criminosa com ramificação mundial. Para o jornal, a prisão de dirigentes da Fifa na quarta-feira (27) lança dúvidas sobre os métodos empregados pela instituição, principalmente para a escolha das sedes das Copas de 2018 e 2022.

Apesar do escândalo, a operação da justiça americana não irá impedir a reeleição de Joseph Blatter para mandar mais cinco anos em uma entidade na qual a corrupção é sistêmica. O método Blatter para se manter no poder é "uma mistura de maquiavelismo e falsa cordialidade, conhecimento profundo do meio futebolístico e dos homens que fazem parte desse universo e uma falta total de escrúpulos", diz Libération.

Operação mãos limpas na Fifa

A manchete do Le Parisien faz referência às investigações realizadas nos anos 90 pela justiça da Itália sobre um vasto esquema de corrupção de financiamento de partidos políticos: "Operação mãos limpas no mundo do futebol".

Para o jornal, a implicação de nove membros da Fifa no vasto esquema de corrupção da entidade pode ameaçar o todo poderoso Blatter. Apesar do escândalo, o presidente da Federação Francesa de Futebol, Noel Le Graët vai votar amanhã para a sua reeleição e argumenta que o dirigente suíço não está vinculado com o processo aberto pela justiça americana.

O editorialista Frédéric Vézard diz que as imagens de dirigentes sendo levados pela polícia suíça escondidos atrás de lençóis não é comum, mas deixa a impressão de que o escândalo chega tarde. Nos últimos 20 anos, desde que o futebol se tornou uma galinha dos ovos de ouro, todos sabem que a Fifa é uma instituição “clientelista” e minada “pela corrupção em grande escala”. Até então, a entidade tinha conseguido lavar a roupa suja dentro de casa, mas agora a “justiça americana dá um duro golpe nessa bolha opaca e insalubre”, diz Le Parisien.

Origem das investigações

Le Figaro informa que a investigação teria começado com a descoberta pelo Fisco americano de irregularidades envolvendo Charles Blazer, ex-membro do comitê executivo a Fifa. Ele teria "omitido" da declaração de imposto de renda U$ 11 milhões.

O jornal conservador destaca frases do ministério da Justiça dos Estados Unidos que descobriu pagamentos de suborno em troca de negócios envolvendo diferentes competições da Concacaf, como a Copa América, a Copa Libertadores, entre outras.

Primeiro os acusados serão ouvidos pela justiça suíça e depois devem ser extraditados. Segundo Le Figaro, as autoridades suíças normalmente não extraditam pessoas suspeitas de delitos fiscais, mas, desta vez, não deverão se opor a esse procedimento do direito penal.

O artigo afirma que a Fifa foi atingida ontem por “uma tempestade moral e judiciária que deve mudar totalmente seu modelo de gestão”. “Mas será que Blatter terá legitimidade para fazer a Fifa resgatar um mínimo de credibilidade aos olhos da opinião pública mundial?, questiona Le Figaro.

Sugestões para um novo modelo de gestão

Les Echos, em editorial assinado por David Barroux, diz que o escândalo de corrupção da Fifa simboliza todos os excessos cometidos pelo modelo do esporte como "business".

E não apenas no futebol, mas também em outras modalidades como o atletismo, por exemplo. É preciso que o esporte seja dirigido por profissionais e não amadores, defende o diário econômico. “É urgente que os governos exijam uma reforma das instituições esportivas, começando pelo fim do acúmulo de mandatos para não transformar dirigentes em ditadores, reeleitos por aclamação”, escreve.

Outra mudança necessária para o jornal é equilibrar melhor a distribuição de votos, já que no atual sistema na Fifa, países minúsculos como as ilhas do Caribe têm o mesmo peso de potências como Brasil e Alemanha, o que favorece negociações baseadas na corrupção.

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