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Linha Direta

Negociações sobre a reabertura das embaixadas dos EUA e Cuba entram na reta final

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Representantes de Cuba voltam à Washington nesta quinta-feira (21) para dar continuidade às negociações visando restabelecer os laços diplomáticos com os Estados Unidos. Essa será a quarta rodada de negociações e talvez a última em torno de um dos principais assuntos em pauta: a reabertura das respectivas embaixadas em Havana e Washington.

O sen​ador de origem cubana Marco Rubio (à direita) e o senador Ron Johnson durante negociações para restabelecer os laços diplomáticos entre Cuba e os EUA.
O sen​ador de origem cubana Marco Rubio (à direita) e o senador Ron Johnson durante negociações para restabelecer os laços diplomáticos entre Cuba e os EUA. REUTERS/Jim Bourg
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Raquel Krähenbühl, correspondente da RFI em Washington

Diplomatas dos dois países também vão discutir o restabelecimento do vínculo bancário, um passo fundamental que possibilita o avanço das conversas para a reabertura das embaixadas. Como Cuba fazia parte da lista norte-americana de países que apoiavam o terrorismo, Havana não podia ter conta em banco nem sequer movimentar dinheiro nos Estados Unidos. A restrição financeira inviabiliza o funcionamento de uma missão diplomática cubana em Washington. 

Depois que o Departamento de Estado e o presidente Barack Obama recomendaram a retirada da ilha da lista de países patrocinadores do terrorismo, Cuba conseguiu um banco disposto a trabalhar com seu governo, o pequeno Stonegate Bank, instalado na Flórida. O Ministério das Relações Exteriores de Cuba comemorou a medida destacando que a retomada dos serviços bancários e a retirada de Cuba da lista de países que apoiam o terrorismo criam um contexto apropriado para o avanço na instalação das embaixadas.

Os representantes americanos, liderados pela subsecretária de Estado para o hemisfério ocidental, Roberta Jacobson, e de Cuba, chefiados por Josefina Vidal, devem focar dessa vez nos passos necessários para reabrir as embaixadas. Essa etapa é considerada prioritária no processo de normalização das relações diplomáticas depois de mais de meio século de ruptura.

O governo de Cuba já disse que essa pode ser a última rodada de negociações e que não existem obstáculos graves a superar entre as duas capitais. As principais exigências de Cuba – entre elas, a exclusão da ilha da lista de países que patrocinam o terrorismo – estão prestes a serem atendidas. No dia 29 de maio, os Estados Unidos vão remover oficialmente Cuba da lista ao término do prazo dado ao Congresso para se opor à proposta, o que não deve acontecer.

Outra questão que será debatida hoje é o grau de liberdade que os diplomatas americanos terão em Cuba.  Nesses cinco meses de discussões, muitas vezes houve incompatibilidade de objetivos, declarações contraditórias e prioridades diferentes. No primeiro encontro de presidentes dos dois países em 50 anos, Barack Obama e Raúl Castro reconheceram que divergências persistem, mas afirmaram que podem discordar com espírito de respeito e garantiram que estão dispostos a conversar sobre todos os assuntos.

Representantes do governo americano esperam que as principais diferenças possam ser superadas nesse encontro. A esperança é que os dois lados cheguem a um acordo sobre o funcionamento das embaixadas e que anunciem a reabertura das representações diplomáticas. Se isso acontecer, Obama vai notificar o Congresso sobre a mudança do status da presença dos Estados Unidos em Cuba, que hoje possui uma Seção de Interesses através da Embaixada da Suíça. Os parlamentares não têm poder de se opor à medida.

Congressistas questionam ganhos

No Congresso, há muito ceticismo sobre os benefícios da reaproximação. Ontem, durante uma audiência na Comissão de Relações Exteriores do Senado, os senadores pressionaram diplomatas presentes a relatar o que os americanos vão ganhar com a medida. Muitos parlamentares acreditam que apenas os cubanos vão se beneficiar e que os Estados Unidos não receberão nada em troca.

Durante a audiência, os senadores fizeram várias críticas a Cuba. Eles apresentaram um relatório de abusos de direitos humanos, mostrando que este ano os abusos continuaram inabaláveis na ilha, com mais de 1.600 casos de detenções políticas arbitrárias. Roberta Jacobson, que lidera as negociações com Cuba, reconheceu que ainda há divergências significativas entre os dois governos, e que ainda há muito trabalho pela frente, apesar do progresso que já foi feito.

O restabelecimento dos laços diplomáticos entre Washington e Havana coloca fim a mais de cinco décadas de romprimento de relações e representa o fim do último vestígio da Guerra Fria no continente. No entanto, é apenas o primeiro passo para a normalização do relacionamento entre os dois países, um processo que levará tempo e envolverá discussão sobre temas bem mais complicados, como o fim do embargo econômico à ilha, medida que depende da aprovação do Congresso.

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