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Linha Direta

Isolado, Putin celebra vitória russa na II Guerra Mundial

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A Rússia celebra no sábado (9) os 70 anos da vitória sobre a Alemanha nazista na II Guerra Mundial. O evento na Praça Vermelha, em Moscou, promete ser grandioso, mas sem a presença dos principais líderes ocidentais. O Brasil será representado no vento pelo ministro da Defesa, Jacques Wagner.

Ensaio para o tradicional desfile que marca o aniversário da vitória da antiga União Soviética sobre a Alemanha nazista durante a Segunda Guerra Mundial.
Ensaio para o tradicional desfile que marca o aniversário da vitória da antiga União Soviética sobre a Alemanha nazista durante a Segunda Guerra Mundial. REUTERS/Grigory Dukor
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Sandro Fernandes, correspondente da RFI, em Moscou,

Moscou está preparando uma grande celebração para celebrar os 70 anos da vitória dos Aliados na II Guerra Mundial. A então União Soviética fazia parte, juntamente com a França e o Reino Unido, do bloco Aliado que venceu a Alemanha, a Itália e o Japão, os países do Eixo.

O Dia da Vitória é celebrado pelos russos no dia 9 de maio, e é um das datas mais importantes do país. O presidente Vladimir Putin chegou a chamar a data de “o maior feriado da Rússia”. Isso tudo, claro, tem um forte viés ideológico num país que já chama a Segunda Guerra Mundial de “A Grande Guerra Patriótica”.

Desfile imponente

Cerca de 16 mil soldados, 200 veículos blindados e 150 aviões e helicópteros irão participar da parada militar amanhã, na Praça Vermelha.

Moscou pretende mostrar ao mundo seus mais modernos equipamentos militares e a grande estrela do desfile é o tanque Armata, altamente informatizado e que pode vir a ser um tanque totalmente robotizado no futuro.

O Armata é o primeiro taque com uma cápsula blindada interna para três tripulantes e com o canhão controlado por controle remoto. Há planos para se construir mais de 2 mil destes tanques, mas a atual crise econômica na Rússia pode atrasar estes planos. Na quinta-feira (7), durante o ensaio, o tanque parou por uns minutos e quase teve que ser rebocado. Vamos ver se amanhã a Rússia consegue realmente impressionar (e assustar) o Ocidente.

Ausência de líderes

Os principais líderes do Ocidente recusaram o convite de Vladimir Putin para participar do Dia da Vitória em Moscou, em possível represália ao alegado envolvimento da Rússia no conflito do leste da Ucrânia.

O assessor de Putin, Yury Ushakov, se apressou esta semana em divulgar a lista dos chefes de Estado que estarão presentes no evento, tentando diminuir a importância das ausências. No total, 27 chefes de Estado e de Governo acompanharão a parada militar no sábado em Moscou, incluindo os líderes da África do Sul, China e Índia, que compõem com o Brasil o grupo dos Brics.

A presidenta Dilma Rousseff não virá a Moscou. O Brasil será representado na solenidade pelo ministro da Defesa, Jaques Wagner. No domingo, Jaques Wagner viaja para a França, onde participa de mais atos relacionados à Segunda Guerra Mundial.

Isolamento

Há 10 anos, no 60° aniversário da vitória, Putin conseguiu reunir na capital russa o então presidente americano, George W. Bush, o presidente francês, Jacques Chirac, e o chanceler alemão Gerhard Schröder. Desta vez, parece que fica bem claro o isolamento político de Putin no clube dos líderes ocidentais.

A porta-voz do Ministério de Relações Exteriores da Rússia disse que “a decisão dos líderes de Estado de não vir à Rússia não está baseada no que a população da Europa pensa sobre o assunto, mas sim à extrema pressão de Washington”.

A chanceler alemã, Angela Merkel, não participa do desfile militar, mas vem a Moscou no domingo, dia 10, para colocar uma coroa de flores em um memorial de guerra e se reunir com Putin. A Ucrânia, claro, é a pauta da conversa.

Parada militar reforça sentimento patriótico

O Dia da Vitória deste ano tem uma conotação patriótica ainda maior que a de costume. No último ano, com a anexação da Crimeia, os veículos de comunicação da Rússia, principalmente as três televisões estatais, têm ressaltado a importância do orgulho pela pátria, pela chamada “Mãe Rússia”. Além disso, as TVs locais com frequência associam o governo da Ucrânia, que tem o apoio da Europa e dos EUA, ao fascismo e ao nazismo. E essa é uma referência muita forte na Rússia.

Estima-se que quase 14 milhões de pessoas morreram somente na Rússia na II Guerra Mundial, entre militares e civis. E, claro, estas pessoas morreram em decorrência de um inimigo, o fascismo. E hoje o Kremlin utiliza este medo do fascismo de maneira política.

Aprovação de Putin

Putin tem 88% de aprovação popular, índices altíssimos até mesmo para um regime autoritário. Muita gente no Ocidente, quando vê estas estatísticas, acha que são números manipulados. Mas, na verdade, Putin tem realmente uma aprovação alta na Rússia, em parte graças ao forte trabalho da mídia estatal e em parte também pela falta de alternativa de oposição no país.

Neste ano, as prateleiras das lojas estão cheias de camisas a respeito da vitória soviética na II Guerra Mundial, mas muitas delas colocam o rosto de Putin, fazendo um paralelo pra mostrar que presidente é o responsável pelas atuais vitórias russas. Muitas destas camisas fazem também alusão à vitória de Putin sobre o nazismo, que os russos associam hoje ao governo ucraniano.

Vladimir Putin completou ontem 15 anos à frente do maior país do mundo em extensão territorial. Foram oito anos como presidente - de 2000 a 2008, em dois mandatos -, depois outros quatro anos como primeiro-ministro, e agora mais uma vez presidente, desta vez para um mandato de seis anos, que termina em 2018. A expectativa é de que ele seja reeleito em 2018 para se manter no cargo por mais seis anos.

 

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