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Linha Direta

Dinheiro da corrupção na Petrobras transitou por mais de 30 bancos na Suíça

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Um acordo de cooperação entre os ministérios públicos do Brasil e da Suíça vai permitir aos suíços de terem acesso ao Sistema de Investigação de Movimentações Bancárias do Brasil. Há muito tempo não se via uma colaboração tão estreita entre o Brasil e a Suíça. Sem a ajuda das autoridades helvéticas, não seria possível rastrear o dinheiro desviado por meio do superfaturamento de contratos públicos, como no caso da Petrobras.

Fachada do HSBC em Genebra.
Fachada do HSBC em Genebra. REUTERS/Pierre Albouy
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Deborah Berlinck, correspondente da RFI em Genebra

Pode parecer estranho, mas o escândalo da Petrobras cai como uma luva para autoridades judiciais suíças. Nos últimos anos, a Suíça tem multiplicado esforços para desacobertar o dinheiro da corrupção escondido não apenas em bancos suíços, como também nos bancos estrangeiros operando no país.

A ideia é limpar o sistema bancário local, especialmente depois que o escândalo conhecido como SwissLeaks revelou um vasto esquema de fraude fiscal encorajado pela filial em Genebra do banco inglês HSBC.

Não há nada de "puritano" na ação dos suíços. O motivo é simples: o famoso segredo bancário suíço está com os dias contados.

A partir de 2018, os suíços vão trocar automaticamente informações bancárias com mais de 50 países. Essa decisão foi tomada depois de anos de pressão internacional, sobretudo dos Estados Unidos, da França e Alemanha. Se Brasil e Suíça negociarem um acordo específico para isso, os dias dos brasileiros que escondem dinheiro do fisco na Suíça também vão estar contados, sem falar na fortuna escondida pelos corruptos.

Suíça tem nove investigações ligadas à Petrobras

O Ministério Público suíço anunciou ter aberto nove investigações penais por lavagem de dinheiro ligados ao esquema da Petrobras. Pelo menos oito brasileiros são alvo das investigações. A Suíça não revelou os nomes. Pelo menos uma destas pessoas vive hoje em Genebra e agiu como intermediária no esquema de corrupção da Petrobras, segundo fontes da imprensa suíça.

Oito bancos suíços e estrangeiros instalados em Genebra foram citados no depoimento de um dos envolvidos, Pedro Barusco, ex-gerente da Petrobras. São eles: Safra, HSBC, Royal Bank of Canada, Cramer, Lombard Odier, Pictet, Julius Baer e PKB.

Não é por acaso que o Ministério Público da Suíça revelou ter recebido 60 comunicações de contas suspeitas de lavagem de dinheiro – todas ligadas ao caso da Petrobras. A lei suíça pune banqueiro que quebrar o segredo bancário. Mas também pune banqueiro que não denunciar contas que claramente escondem dinheiro de crime ou de corrupção. Com o escândalo da Petrobras estourando em grande escala no Brasil, provavelmente muitos banqueiros se anteciparam e começaram a denunciar as contas dos envolvidos.

Dinheiro desviado transitou por 30 bancos

As investigações suíças não vão parar trazer surpresas. Só nessa primeira fase, os suíços descobriram mais de 300 relações de negócios ligados a pessoas atuando no esquema de corrupção da Petrobras. O dinheiro da corrupção transitou por mais de 30 bancos na Suíça – o que é enorme.

As contas foram abertas em nome de empresas. Mas por trás destas empresas estão funcionários da Petrobras, intermediários financeiros e também empresas brasileiras e estrangeiras que teriam participado do esquema de propina.

A Suíça anunciou ter devolvido ao Brasil Us$ 120 milhões desviados do esquema da Petrobras. Ao todo, os suíços dizem ter congelado US$ 400 milhões. O montante é equivale a R$ 1,3 bilhão.

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