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Linha Direta

Discurso de Netanyahu nos EUA contra acordo com o Irã irrita Obama

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O primeiro ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, faz nesta terça-feira (3) um discurso que tem dado o que falar em Washington. Diante de uma sessão conjunta da Câmara e do Senado norte-americanos, ele vai criticar o acordo nuclear que os EUA e outras cinco potenciais globais tentam alcançar com o Irã. 

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, discursa no congresso norte-americano contra um possível acordo nuclear com o Irã .
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, discursa no congresso norte-americano contra um possível acordo nuclear com o Irã . REUTERS/Jonathan Ernst
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Em um movimento altamente não-ortodoxo, Netanyahu aceitou o convite dos republicanos - que agora controlam o congresso - sem sequer comunicar à Casa Branca. Ele vai subir em um dos palco mais importantes da capital americana à disposição de um líder estrangeiro para fazer uma campanha dura contra uma das prioridades de política externa do presidente Barack Obama, o acordo nuclear com o Irã.

Na segunda-feira (2), durante um evento do maior grupo de lobby pró-Israel nos EUA, o primeiro-ministro israelense disse que não teve a intenção de desrespeitar o presidente Obama nem o governo dele, mas que tem a obrigação moral de alertar sobre os perigos desse acordo. Para ele, trata-se de uma ameaça a Israel, pois abre as portas para o Irã desenvolver uma arma nuclear.

A visita de Netanyahu tem irritado muito a Casa Branca, tanto que o presidente Barack Obama não vai receber o líder israelense. Na véspera do discurso Congresso, Obama disse que ele e Netanyahu discordam substancialmente sobre as negociações com o Irã e acusou o primeiro-ministro de fazer afirmações sem sentido sobre os perigos desse acordo. O presidente norte-americano afirmou ainda que qualquer acordo congelaria o programa nuclear iraniano por pelo menos uma década e aumentaria a inspeção internacional. A equipe da Casa Branca se uniu em coro na segunda feira pra assegurar à comunidade judaica que os EUA nunca irão permitr que o Irã obtenha uma arma nuclear.

Histórico de estranhamento entre os dois líderes

Essa é só a última demostração de estranhamento entre os dois líderes. Obama e Netanyahu nunca foram amigos. Os dois têm personalidades e visões de mundo diferentes. Obama chegou ao poder priorizando o diálogo e a diplomacia, até mesmo com inimigos, como o Irã. Já Netanyahu acredita que a força militar e a vigilância são as melhores maneiras de garantir a segurança e a paz, com uma visão mais endurecida, devido a décadas de ameaças que os judeus têm enfrentado ao longo da história, especialmente pelos vizinhos.

Obama não gosta de politicagem e procura evitar confrontos públicos. Netanyahu é bom de briga e tem sido grande pedra no sapato da política externa de Obama. Ele é visto como o grande responsável pelo fracasso das negociações de paz entre Israel e os palestinos, que os EUA tentaram mediar. E agora Netanyahu se arrisca em uma jogada provocativa pra atrapalhar também as negociações nucleares com o Irã. São muitos atritos, mas ainda assim, publicamente, os dois líderes insistem em dizer que não há problemas pessoais e que a divergência atual sobre o Irã não é permanentemente destrutiva para a relação entre os dois países - ou como Netanyahu preferiu dizer, é uma briga dentro de uma família, que acabaria sendo superada.

Contornos de disputa política

Essa disputa pessoal/diplomática já tomou contornos de disputa política entre republicanos e democratas, que vivem um momento de extrema polarização. Muitos democratas ameaçam boicotar o discurso desta terça-feira do líder israelense, que foi convidado pelos republicanos, que agora controlam as duas casas do Congresso e são contra esse acordo nuclear iraniano.

A visita gerou um mal-estar também em Israel. Com as eleições israelenses acontecendo daqui a duas semanas, muitos acreditam que Netanyahu busque, com esse discurso, ganhar apoio doméstico - já que, para a maior parte do público israelense, é melhor ter boa relação com o Congresso americano, que aprova as ajudas financeiras e militares, do que com próprio presidente, que vem tendo constantes atritos com o líder de Israel.

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