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Rússia/Política

Opositor russo assassinado, Boris Nemtsov, será enterrado nesta terça-feira

Embaixadores de diversos países europeus e representantes de governos estrangeiros são esperados no funeral de Boris Nemtsov nesta terça-feira (3). Ele foi morto por quatro tiros na sexta-feira passada (27/02) em Moscou, perto do Kremlin. Um amigo do opositor declarou que ele estava prestes a divulgar documentos que comprometiam a Rússia. Já a namorada ucraniana, única testemunha ocular do crime, está retida na Rússia e não pode regressar ao seu país.

Milhares de russos desceram às ruas de Moscou para protestar contra a morte do opositor Boris Nemtsov, no dia 1° de março de 2015.
Milhares de russos desceram às ruas de Moscou para protestar contra a morte do opositor Boris Nemtsov, no dia 1° de março de 2015. REUTERS/Maxim Shemetov
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Entre os políticos estrangeiros que confirmaram presença no enterro do opositor estão o ministro das Relações Exteriores da Lituânia, Linas Linkevicius, e o prefeito de Riga, capital da Letônia, Nils Usakovs. Mas nem todos conseguiram autorização para entrar no país: o presidente do Senado da Polônia, Bogdan Borusewicz, e a eurodeuptada letônia, Sandra Kalniete, tiveram sua entrada recusada por Moscou. O motivo seria o seu apoio às sanções da União Europeia contra a Rússia.

Uma cerimônia de adeus está prevista a partir das 5 horas da manhã, no horário de Brasília, no Centro Sakhravov em Moscou. Em seguida, será realizado um ofício ortodoxo em memória de Nemtsov.

Provas comprometedoras

O opositor russo Illia Iachine, diretor do movimento Solidarnost e amigo de Nemtsov, declarou hoje que ele havia acumulado provas da presença de soldados russos na Ucrânia, que estava prestes a publicar. "Ele tinha provas, dizia estar em contato em diversas cidades com parentes de soldados russos mortos", afirmou Iachine, que teme que agora esses elementos nunca se tornem públicos.

Dois dias antes do seu assassinato, Nemtsov afirmou que as informações seriam reunidas e divulgadas em um relatório chamado "Putin e a Guerra", que estava prestes a ser publicado. Mas duas horas depois do crime, investigadores foram à sua casa e ao seu escritório, levaram todos os documentos e arquivos e selaram os locais, informou Iachine à agência de notícias France Press.

Boris Nemtsov já havia publicado diversos relatórios contra o governo no passado, entre os quais, um sobre a corrupção na preparação dos Jogos Olímpicos de Inverno de 2014 em Sochi.

Desde o seu assassinato na sexta-feira, sobre uma ponte perto do Kremlin, poucas informações vazaram sobre as investigações, que foram confiadas ao general Igor Krasnov, conhecido por ter atuado nos meios nacionalistas e radicais. Do crime político ou passional à ameaça islamita (Nemtsov apoiou o jornal satírico francês Charlie Hebdo) passando pela relação com o conflito ucraniano, nenhuma pista está descartada.

Namorada ucraniana retida em Moscou

Ganna Douritska, namorada de Boris Nemtsov, em entrevista à TV a cabo russa da oposição, Dojd.
Ganna Douritska, namorada de Boris Nemtsov, em entrevista à TV a cabo russa da oposição, Dojd. REUTERS/TV Rain via Reuters TV

Única testemunha do assassinato de Boris Nemtsov, a modelo ucraniana Ganna Douritska, sua namorada, queixou-se nesta segunda-feira de estar retida contra a sua vontade em Moscou. "Os investigadores me interrogam e não me dizem quando serei liberada nem porque estou retida aqui", declarou à rede de TV a cabo da oposição Dojd.

Ela estava com o político sobre a ponte situada a dois passos do Kremlin quando aconteceu o crime.

'Não sei quem fez isso, não sei como o assassino se aproximou, ele estava atrás de mim", ela disse, afirmando que está em um estado psicológico muito difícil e quer voltar à Ucrânia para perto de sua mãe. "Mas eles não me autorizam a partir", lamentou a jovem.

 

 

 

 

 

 

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