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Linha Direta

Argentinos saem às ruas na "Marcha do Silêncio" em protesto contra morte de promotor

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Mais uma vez, a Argentina vai parar nesta quarta-feira (18). Desta vez, no entanto, o som das panelas em forma de protesto vai dar lugar ao silêncio. Será a "Marcha do Silêncio" em homenagem ao promotor Alberto Nisman, no dia em que a sua morte completa um mês.

Argentinos se manifestam nas ruas de Buenos Aires pedindo justiça no caso da morte do promotor Alberto Nisman.
Argentinos se manifestam nas ruas de Buenos Aires pedindo justiça no caso da morte do promotor Alberto Nisman. REUTERS/Marcos Brindicci
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Marcio Resende, correspondente da RFI em Buenos Aires

Nisman apareceu morto no dia 18 de janeiro, quatro dias depois de denunciar a presidente Cristina Kirchner e um dia antes de se apresentar no Congresso para dar detalhes e provas da sua denúncia. O promotor acusou a presidente de ter sido a autora de uma conspiração criminosa para encobrir os responsáveis iranianos do atentado a uma associação judaica que, em 1994, deixou 85 mortos e mais de 300 feridos em Buenos Aires. Segundo Nisman, a ordem de Cristina Kirchner foi fabricar a inocência do Irã em troca de benefícios comerciais para a Argentina.

A "Marcha do Silêncio" partirá dos tribunais da capital e seguirá até a histórica Praça de Maio, em frente à Casa Rosada, sede do governo. Pelo caminho, sempre em silêncio, o cortejo passará propositalmente pela Promotoria onde Alberto Nisman trabalhava. À frente da marcha estarão a juíza Sandra Arroyo Salgado, ex-mulher de Nisman, e vários promotores que originalmente convocaram a manifestação.

Os promotores não podem pedir justiça por serem parte envolvida no caso, mas vão reivindicar que o governo não interfira mais nas investigações, dificultando o trabalho da Justiça.

A "Marcha do Silêncio" promete repetir o sucesso dos panelaços, que levaram 2 milhões de pessoas às ruas. Haverá protestos em mais de 25 países, inclusive no Brasil, em frente aos consulados argentinos no Rio, em São Paulo e em Belo Horizonte.

Indiciamento

Depois da morte de Nisman, a presidente argentina primeiro defendeu a teoria de um suicídio. A população foi às ruas num panelaço sem acreditar nessa hipótese. Quarenta e oito horas depois, Kirchner disse "não ter provas, mas também não ter dúvidas" de um homicídio.

Na sexta-feira passada, Kirchner foi indiciada porque o promotor que substituiu Nisman, Gerardo Pollicita, considerou que as denúncias do promotor morto têm respaldo jurídico. O promotor Pollicita pediu várias investigações que serão avaliadas pelo juiz a partir desta quarta-feira.

O indiciamento indica que a causa é contra a presidente e que as investigações serão contra ela. Kirchner poderá ser interrogada no futuro, quando todas as provas estiverem reunidas. Por enquanto, ela está protegida pela imunidade própria do cargo.

Além disso, este é um ano eleitoral. Os argentinos votam para presidente em outubro. É difícil que o juiz tome uma decisão antes da votação.

O governo considera que tanto o indiciamento quanto a marcha de hoje são elementos para desestabilizar Cristina Kirchner, algo que parece muito longe da realidade.

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