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SwissLeaks foi um desastre para a imagem do HSBC

O escândalo SwissLeaks de fraude fiscal envolvendo o banco britânico HSBC recebe destaque em todos os jornais franceses desta terça-feira (10). O caso, denunciado pelo Le Monde, levou o HSBC a perder, em oito anos, 70% dos clientes que tinha na Suíça.

Capa do jornal francês Libération desta terça-feira, 10 de fevereiro de 2015.
Capa do jornal francês Libération desta terça-feira, 10 de fevereiro de 2015.
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O diário econômico Les Echos estima que o SwissLeaks foi um desastre para a imagem do HSBC. Apesar de o banco reiterar que encerrou as atividades de ocultação de fundos de clientes em paraísos fiscais, a filial suíça do HSBC perdeu um número considerável de correntistas. Segundo Les Echos, atualmente o HSBC tem 10 mil clientes em Genebra, "um terço a menos do que possuía no auge da crise financeira internacional.

O jornal econômico francês também destaca que o escândalo provoca debate na classe política da Suíça. Parlamentares socialistas acusam os conservadores de terem alimentado a evasão e a fraude fiscal, prejudicando a imagem do país no exterior. Os socialistas suíços cobram uma investigação na justiça local sobre as atividades do HSBC.

Le Monde publica nomes dos franceses envolvidos

O jornal Le Monde, que revelou que o HSBC organizou entre 2005 e 2007 esse amplo esquema mundial de evasão fiscal, justifica hoje a publicação tardia dos clientes franceses que se beneficiaram do esquema. Os jornalistas responsáveis pela investigação, Alexandre Léchenet, Simon Piel e Anne Michel, dizem que pela dimensão pública de alguns envolvidos, o fato que eles burlaram a legislação francesa merecia ser conhecido.

Ontem, alguns nomes foram citados, como o do humorista Gad Elmaleh, pai do filho da princesa Charlotte de Mônaco. A lista conta ainda com ricos herdeiros, empresários, incluindo o dono da rede de cabeleireiros Jacques Dessange, e artistas, como a cineasta Lisa Azuelos, diretora do filme LOL.

A revelação do nome de Gad Elmaleh foi criticada por outros veículos da imprensa, uma vez que ele já teria regularizado há muito tempo sua situação com o fisco. Ficou no ar a impressão de que o Le Monde usou o nome do humorista, extremamente popular na França e em outros países da Europa, para promover a investigação feita por seus jornalistas em parceria com colegas de 47 países.

"Luta se organiza"

O jornal de esquerda Libération considera que as revelações do Le Monde contribuem para o combate global contra a fraude fiscal.

Com a manchete "A luta se organiza contra os paraísos fiscais", Libération afirma que o escândalo de US$ 180 bilhões no HSBC "é apenas uma gota no oceano". Segundo o jornal, existiriam US$ 22 trilhões escondidos das autoridades monetárias em paraísos fiscais. O diário considera que essa prática prejudica os modelos sociais dos países avançados, coloca governos diante de dilemas orçamentários e atrasa o desenvolvimento de países do hemisfério sul.

Otimização fiscal: novo combate

Em seu editorial, o Libération lembra que depois da crise de 2007, os governos se deram conta da alta vertiginosa dos déficits e das dívidas provocadas por operações obscuras dos bancos. Na Europa e nos Estados Unidos, as autoridades reagiram impondo uma regulamentação mais restritiva da atividade bancária. A médio prazo, na opinião do Libé, a fraude e a evasão fiscal tendem a diminuir.

O que preocupa atualmente, adverte o diário, é a otimização fiscal. Esse recurso, totalmente legal, tem sido utilizado em larga escala pelas multinacionais para pagar menos impostos. Libération destaca que os Estados Unidos e a Grã-Bretanha estudam taxar os lucros das empresas americanas e britânicas no exterior para minimizar as perdas provocadas por esse sistema, que criaria uma concorrência desleal entre países com regime fiscal competitivo.
 

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