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Linha Direta

Greve na Itália gera crise entre governo e sindicatos

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A greve geral nesta sexta-feira (12) mobiliza cerca de 8 milhões de trabalhadores de diversos setores filiados às centrais sindicais CGIL e UIL. O protesto é contra as revisões das leis trabalhistas e de Finanças e contra o governo de Matteo Renzi, do Partido Democrático (PD). As manifestações foram programadas em mais de 50 cidades italianas.

Greve geral na Itália depois que reforma do código do trabalho foi apresentada pelo primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi.
Greve geral na Itália depois que reforma do código do trabalho foi apresentada pelo primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi. REUTERS/Adrees Latif
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Gina Marques, correspondente da RFI, em Roma,

Pela primeira vez na história da Itália, o maior partido de esquerda, o Partido Democrático, do qual o primeiro-ministro Matteo Renzi é secretário-geral, está rompendo com os sindicatos. Na queda de braço com o governo, os sindicalistas se transformaram nos principais rivais de Renzi.

Por um lado, eles acusam o premiê de favorecer os empresários com o projeto de reforma trabalhista conhecida como  “Jobs Act”. A mudança faz uma revisão do artigo 18 da legislação trabalhista local, que protege os empregados das demissões sem justa causa. Segundo Renzi, esta proteção representa um freio para o crescimento econômico do país, pois afasta os investidores e cria obstáculos para os empresários.

De acordo com Matteo Renzi, 39 anos, para combater o desemprego e o trabalho precário é necessário incentivar as empresas diminuindo os encargos sociais e facilitando a demissão dos funcionários. Mas, para os sindicatos, abolir os direitos conquistados pelos trabalhadores não resolve o problema dos desempregados e nem do que vivem de trabalhos precários.

A Itália, cuja população è de 60 milhões de pessoas, conta atualmente com cerca 22 milhões de trabalhadores em atividade, mas o índice de desemprego é estimado em 12%, ou seja, cerca de 3 milhões de pessoas, a maioria jovens.

Fragmentação sindical

Na Itália, os sindicatos podem negociar os contratos trabalhistas. No entanto, Matteo Renzi disse que não negocia mais com os sindicatos e que eles devem resolver seus problemas diretamente com os patrões.

Atualmente, as três maiores centrais sindicais, CGIL, CISL e UIL contam com quase 12 milhões de trabalhadores sindicalizados, mas cerca da metade deles são aposentados. A CGIL é a maior central com mais de 5 milhões e meio de inscritos.

Mas o problema é a fragmentação de outras pequenas associações sindicalistas. Segundo as estimativas, atualmente existem de 800 à 1.100 sindicatos na Itália. Nas escolas, por exemplo, são 43 associações sindicais. No caso dos controladores de voo, o número de sindicatos da categoria chega a 13.

Popularidade do premiê em queda

A greve geral, que teve como lema “Così Non Va!” (“Assim não pode ser”), pode ter um efeito negativo para a imagem do chefe de governo. Segundo as últimas pesquisas, a aprovação de Renzi caiu de 54 para 49%. No entanto, o índice é considerado alto.

Ele aprovou medidas consideradas populistas, como, por exemplo, o incentivo de € 80 por mês, cerca de R$ 240, para os trabalhadores que recebem um salário de até € 1.500 mensais, cerca de R$ 4.500. Os sindicatos reivindicam este incentivo também aos aposentados.

Esta medida não resolve o problema dos trabalhadores em dificuldade, mas alivia e conquista popularidade. Mas para muitos, não é Renzi que é forte e sim os outros partidos políticos que são fracos, principalmente depois do afastamento do ex-premiê Silvio Berlusconi, condenado por fraude fiscal.

 

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