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Linha Direta

Crise social arranha imagem do México em Cúpula Íberoamericana

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A Cúpula Iberoamericana teve início na segunda-feira (8), com presidentes latinos e líderes de Portugal e Espanha no Estado de Veracruz, no México, que vive um cenário de desestabilização social. O tema do encontro é Educação, Cultura e Inovação, mas mesmo sem contar com os líderes das economias mais importantes do bloco, como a presidente Dilma Rousseff, a argentina Cristina Kirchner e o venezuelano Nicolás Maduro, é a pauta econômica que mais pesa na região.  

A 24a Cúpula Iberoamericana teve início no Estado de Veracruz, no México, em 8 de dezembro de 2014.
A 24a Cúpula Iberoamericana teve início no Estado de Veracruz, no México, em 8 de dezembro de 2014. REUTERS/Mexico Presidency/Handout via Reuters
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Fernanda Brambilla, correspondente da RFI Brasil no México

A Cúpula expõe na mídia latina e internacional um México com uma imagem internacional muito arranhada pela crise social e, apesar de contar com um forte esquema de segurança, há um temor de que haja novos protestos durante o encontro. Todo esse cenário desfavorável esvaziou o quórum do evento, também uma prova da desaprovação dos líderes vizinhos à atuação de Enrique Peña Nieto. O presidente uruguaio José Mujica, por exemplo, que está no encontro, foi um dos que criticou fortemente o governo mexicano e disse que o Estado desse país dava sinais de falência. Mas, pelo bem da diplomacia, Peña Nieto agradeceu ao que chamou de “várias mostras de solidariedade” nesse momento em que o país está imerso.

Com tantas ausências, o grande desafio da cúpula é manter-se relevante na agenda política internacional. Serviram como consolo as presenças da chilena Michele Bachelet e o equatoriano Rafael Correa, e esta é a primeira participação do recém-coroado Rei Felipe VI da Espanha. O tema deste ano é "Educação, Cultura e Inovação", mas por mais que a secretária geral iberoamericana, Rebeca Grynspan, tenha reforçado que "o fundamental no bloco é complementar, e não competir" e insistir em laços comerciais fortes que beneficiem a todos os países, é difícil deixar de lado a grande preocupação da América Latina, que é a desaceleração econômica.

Economia do México

Aqui no México o cenário de instabilidade fez o peso nacional cair ao valor mais baixo desde março de 2009; a alta do dólar, que chegou a mais de 14 pesos, fez a Comissão de Câmbios, instituição formada pela Secretaria de Fazenda e Crédito Público e o Banco do México, Banxico, anunciar que diante da volatilidade vai reagir com injeções de US$200 milhões a partir desta terça-feira (9). O petróleo mexicano enfrenta suas cotizações mais baixas desde 2009 e vem sofrendo reajustes desde a metade do ano, quando alcançou seu ápice, US$102 por barril. Hoje está a ponto de cravar US$43 , mais de 50% de queda. E não é só o México que enfrenta marés econômicas difíceis. O secretário-geral da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico, José Angel Gurría Treviño, enfatizou que em 2014 o crescimento da região latina é anêmico e deve rondar uma média de 1,4%, o nível mais baixo dos últimos cinco anos. Uma diferença sensível se pensarmos que até 2008, quando veio a crise financeira mundial, o crescimento era de 5% em media. De acordo com Treviño, a baixa produtividade, a alta informalidade, a fragilidade do Estado continuam marcando muito a América Latina e ditam a desaceleração econômica. Mas, o tendão de Aquiles Segundo ele é a educação.

Discurso de abertura e estudantes

A educação foi o tema do discurso de abertura da cúpula, feito pelo presidente mexicano Enrique Peña Nieto. Ele citou Gabriel García Márquez e lembrou que o escritor colombiano, ganhador do prêmio Nobel e morto este ano no México, dizia que a educação é o motor para mudanças, abre portas para os demais direitos fundamentais e é a base da democracia. Uma enorme ironia se pensarmos na grande crise que enfrenta hoje o governo de Peña Nieto. O caso dos estudantes desaparecidos de Ayotzinapa, no Estado de Guerrero, voltou à tona no sábado, com o resultado do primeiro exame de DNA, que foi feito a partir de restos mortais encontrados em um depósito de lixo na região. Técnicos da Universidade de Innsbruck, na Áustria, que estão ajudando na investigação, confirmaram que trata-se de Alexander Mora Venancio, de 21 anos. Ele, assim como os outros 42 estudantes desaparecidos, tinham em comum o sonho de se tornar professores. Vinham de um colégio rural conhecido pela forte militância, altamente politizado. O motor do país, como disse Peña Nieto, foi freado bruscamente.

 

 

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