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Linha Direta

Separatistas ucranianos ignoram novas sanções europeias

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A União Europeia decidiu impor sanções individuais a mais líderes separatistas ucranianos, ontem, mas não chegou a um acordo sobre um possível endurecimento das sanções contra a Rússia. O assunto continua em discussão nesta terça-feira (18) entre os ministros das Relações Exteriores e de Defesa do bloco, reunidos por dois dias em Bruxelas. Letônia, Lituânia, Estônia, Grã-Bretanha, Polônia e Suécia pressionam por sanções mais duras contra Moscou, enquanto Áustria, Grécia e Chipre estão relutantes.

A chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, e o chanceler ucraniano, Pavlo Klimkin durante reunião em Bruxelas 17/11/2014.
A chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, e o chanceler ucraniano, Pavlo Klimkin durante reunião em Bruxelas 17/11/2014. REUTERS/Eric Vidal
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Sandro Fernandes, correspondente da RFI em Moscou

O mais provável é que hoje, na continuação do encontro da União Europeia, não haja nenhuma mudança no que diz respeito às sanções à Rússia. O ministro das Relações Exteriores da República Tcheca, Lubomir Zaoralek, disse que novas punições econômicas contra a Rússia provavelmente só serão discutidas na próxima cúpula do bloco, nos dias 18 e 19 de dezembro.

A italiana Federica Mogherini, alta representante de política externa e segurança da União Europeia, disse que as sanções devem ser apenas uma parte de uma abordagem mais ampla sobre a Rússia, que também deve envolver a diplomacia. Mogherini acredita que seja possível retomar o diálogo com o presidente russo, Vladimir Putin, já que, segundo ela, “a Rússia é parte do problema, mas também parte da solução para a crise ucraniana”.

Mogherini recebeu apoio do grupo para uma possível viagem a Moscou para discutir o tema. Ela disse que também visitará Kiev, a capital da Ucrânia, assim que o novo governo estiver formado. A chefe da diplomacia europeia lembrou que a Ucrânia “precisa se comprometer com reformas internas” para continuar recebendo o apoio da União Europeia.

Líderes separatistas ignoram sanções europeias

Os separatistas ucranianos receberam as novas sanções impostas ontem pela União Europeia com total despreocupação. O líder do poder legislativo de Lugansk, Alexei Kariakin, disse que as sanções europeias "não dão medo" e que isso não influencia em nada a política da região. Kariakin falou que ele não viaja à Europa e não tem nada nem ninguém esperando por ele, referindo-se à proibição de visto de viagem e ao congelamento de bens individuais que poderia ter nos países europeus.

Ainda não se conhecem os nomes nem mesmo a quantidade das pessoas que serão adicionadas à lista de sanções. Isso deve acontecer até o fim do mês de novembro. Até agora, as sanções incidem sobre 119 pessoas, como líderes separatistas, políticos e empresários russos, além de 23 empresas e bancos que a União Europeia classifica como responsáveis por colocar em risco a integridade territorial da Ucrânia.

Exército ucraniano foi reforçado

Em entrevista ao jornal alemão Bild, o presidente ucraniano, Petro Porochenko, disse esta semana que “a Ucrânia está pronta para o cenário de guerra total” e que não tem medo das tropas russas, ressaltando que o exército ucraniano está “em condições muito melhores do que estava há cinco meses”. Porochenko declarou ainda que a Ucrânia quer paz e que lutará pelos valores europeus, “mas a Rússia não respeita nenhum acordo”.

Por outro lado, Putin disse que não permitirá que o governo ucraniano destrua os rebeldes e afirmou ter medo de que a Ucrânia caia nas mãos do neonazismo.

A crise entre a Rússia e o Ocidente vem sendo classificada pelos especialistas como a maior desde a Guerra Fria. Nesta semana, a Rússia expulsou diplomatas poloneses por “conduta incompatível com sua posição”, que na linguagem diplomática significa “espionagem”. Anteriormente, a Polônia já tinha expulsado diplomatas russos pelas mesmas razões.

Enquanto isso, o leste da Ucrânia continua sendo alvo de bombardeios. O número de vítimas fatais do conflito que começou em abril já chega a 4.100, sendo quase 400 desde a assinatura do cessar-fogo, no início de setembro.

Putin continua popular na Rússia 

Putin disse no último fim de semana à TV alemã que há uma certa vantagem nas restrições impostas pela Europa e os Estados Unidos "porque as empresas russas se veem obrigadas a produzir o que não podem importar". Isso seria positivo para diversificação da economia russa, segundo o presidente Putin.

Na semana passa, ele tinha sido um pouco mais pessimista com relação às sanções. Ele disse que elas eram prejudiciais à Rússia, mas deixou claro que também prejudicam europeus e americanos por minar todo o sistema de relações econômicas.

 

A Rússia deve crescer este ano apenas 0,5% ou 0,6%, mas Putin considera que o crescimento previsto para o ano que vem será de 1,2% e de 2,3% para 2016.

Politicamente, a popularidade de Putin vem aumentando, com a ajuda da mídia estatal russa. No domingo, por exemplo, uma TV local elogiou Putin por ter sido corajoso o suficiente para “entrar no território dos leões, enfrentar críticos e defender o interesse nacional”, referindo-se ao encontro do G20 na Austrália. Quanto mais ataques vindos do Ocidente Putin sofre, mais forte ele fica. Pelo menos, internamente.

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