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Linha Direta

Tensão cresce na Cisjordânia depois de incêndio de mesquita em Ramallah

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Um grupo de colonos judeus foi acusado de incendiar uma mesquita na região de Ramallah, na Cisjordânia, nesta quarta-feira (12). Em outro caso, quatro adolescentes judeus foram detidos, no norte de Jerusalém, após jogar pedras em um táxi dirigido por um árabe. Nos arredores de Beit Safafa, pichações também foram atribuídas a judeus ortodoxos que diziam: "Não aos árabes, não carros".

A violência cresce em Jerusalém, com confrontos diários nos territórios ocupados
A violência cresce em Jerusalém, com confrontos diários nos territórios ocupados REUTERS/Finbarr O'Reilly
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Richard Furst, correspondente da RFI em Jerusalém

Jerusalém está submersa em um ciclo diário de violência e em vários bairros do lado oriental da cidade sagrada, jovens atiram regularmente pedras e rojões contra a polícia, que responde com bombas de efeito moral, balas de borracha e gás lacrimogêneo. Palestinos também contam mortos e feridos a cada dia nos conflitos de ódio que aumentaram após o fim da ofensiva em Gaza, há dois meses.

Hoje, um membro da polícia da fronteira israelense foi preso, acusado de participar da morte de um adolescente palestino durante uma manifestação em maio passado na Cisjordânia, anunciou o porta-voz da polícia israelense, Micky Rosenfeld. Nadim Nouwara, 17 anos, morreu durante uma manifestação no dia 15 de maio na frente da prisão israelense de Ofer, próxima da cidade de Beitounia, perto de Ramallah.

Polícia está em estado de alerta máximo

A polícia foi colocada em estado de alerta máximo, pela terceira vez em menos de um mês. Segundo as forças militares, milhares de agentes, oficiais, voluntários e reforços estão mobilizados em todo o país para garantir a segurança pública. Tudo isso devido ao medo após os atropelamentos de judeus por carros dirigidos por palestinos e a briga entre jovens e a polícia israelense.

Os grupos palestinos também estão dispersos depois do recente acordo de conciliação entre os dois principais grupos. O fenômeno mais claro é a luta entre os integrantes do movimento islamita Hamas, que controla a faixa de Gaza com o Fatah, partido do líder palestino Mahmoud Abbas. O político já chegou a acusar de tentar sabotar a reconciliação, depois de uma série de explosões contra bens e dirigentes do Fatah, na Faixa de Gaza.

Judeus ultra-ortodoxos querem direito de reza em mesquita

Os sinais de violência ficaram claros na disputa de quem seria responsável pela Esplanada das Mesquitas: judeus ultra-ortodoxos querem ter o direito de reza no Domo da Rocha, algo inaceitável pelos muçulmanos que têm responsabilidade do local.

A preocupação dos palestinos com a Esplanada das Mesquitas catalisou a raiva. A violência aumentou neste setor desde que os extremistas judeus reforçaram a campanha para exigir uma modificação do "status quo" ratificado em 1967, que permite a visita de israelenses à Esplanada das Mesquitas, sem direito a rezar neste local sagrado.

Militantes ultra-religiosos realizaram várias visitas ao terceiro local santo do Islã, desencadeando violentos choques com os palestinos, que os acusam de tentar expulsá-los de Jerusalém Oriental.Há outros fatores históricos que serviram de pólvora para os ataques como a ocupação israelense, colonização judaica, prisões de palestinos, taxa de desemprego e a guerra em Gaza. Tudo catalizado por questões religiosas, que se concentravam em Jerusalém Oriental e na Cisjordânia.

Decisões de Israel provocam dissidências internas

Israel aprovou um projeto para estender leis do país à Cisjordânia ocupada (que são os territórios com assentamentos judaicos). Críticos já dizem que leis podem ser estendidas à população palestina. Na prática, os colonos judeus têm os mesmos direitos e obrigações que o resto dos israelenses, enquanto os palestinos são regidos por uma mistura do direito otomano, jordaniano, britânico, palestino e israelense.

O ex-chefe do Serviço de Inteligência de Israel, Danny Yatom, chamou as decisões do primeiro-ministro de equivocadas, dizendo que agora é a hora de jogar água pra apagar as chamas e não derramar gasolina, a fim de inflamar ainda mais a tensão. Foi uma alusão ao sugerir que a força deve ser utilizada para impedir que os cidadãos árabes e judeus de interromper a vida em Israel, mas, por outro lado, devemos criar um discurso para acalmar o ambiente.
 

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