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Linha Direta

Defensores da independência na Escócia apostam no aumento da qualidade de vida

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Mais de 4 milhões de escoceses votam nesta quinta-feira (18) para decidir se querem ou não que o país se separe do resto do Reino Unido. Trata-se da maior mobilização de eleitores na história escocesa. A contagem dos votos começa à noite, assim que os postos de votação fecharem as portas. O resultado final só será conhecido na manhã de sexta-feira.

Os escoceses começaram a votar para decidir sobre a independência do país em relação ao Reino Unido.
Os escoceses começaram a votar para decidir sobre a independência do país em relação ao Reino Unido. REUTERS/Russell Cheyne
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Maria Luísa Cavalcanti, correspondente em Londres

Nos últimos dias, as pesquisas de intenção de voto indicaram que existe praticamente um empate técnico entre o lado a favor da independência da Escócia e o lado contra. O interesse pelo referendo disparou há mais ou menos duas semanas, quando uma pesquisa de intenção de voto indicou, pela primeira vez, que a campanha do “sim”, a favor da independência, poderia sair vitoriosa. O surpreendente foi justamente o salto que o “sim” deu nas pesquisas. Durante meses, elas indicavam que o “não” ganharia com uma ampla margem de votos, uma diferença de mais de 20 pontos percentuais em alguns momentos.

A possibilidade de uma vitória da independência provocou uma reviravolta no meio político da Grã-Bretanha e também no mundo das finanças, com vários bancos e empresas alertando para as consequências negativas para o bolso do contribuinte escocês, caso escolham se separar do resto do país.

Até o último dia da campanha, os escoceses engajados, dos dois lados, bateram de porta em porta para conversar com os eleitores, defender seus pontos de vista e tentar convencer uma massa de indecisos que pode fazer a diferença na votação desta quinta-feira.

Economia vai definir a escolha

Analistas ressaltam que o que vai realmente pesar na decisão do eleitor é a situação da economia da Escócia. A campanha do “sim” argumenta que o país tem muitas riquezas, como petróleo e gás natural, estoques de pesca, potencial para fontes de energia renovável, universidades de ponta, empresas de tecnologia. Segundo os nacionalistas do “sim”, essas riquezas não ficam com os escoceses. Eles dizem que se o país ficar independente, vai poder distribuir melhor a renda e garantir saúde e educação gratuitas, de qualidade, para toda a população.

Já a campanha do “não” tem tentado mostrar para os eleitores que o país terá dificuldade de prosperar sozinho. Muito se fala sobre o fim próximo das reservas de petróleo, do impacto que a independência terá nos preços ao consumidor e também em empregos, serviços de saúde e benefícios sociais.

Os principais partidos britânicos, incluindo os governistas e de oposição defendem o “não”, e apresentaram propostas para dar mais poderes ao Parlamento escocês sobre impostos e gastos públicos.

Identidade nacional

A questão da identidade nacional é muito forte. Os escoceses têm orgulho de sua cultura e da história do país. Muita gente ainda fala o gaélico. Muitos se consideram diferentes dos ingleses, apesar do Reino Unido existir há 307 anos.

A campanha do “sim” apela bastante para a questão do nacionalismo, usa as cores azul e branco da bandeira da Escócia, e fala, principalmente, que o país precisa ser governado por quem mora e conhece a Escócia e não pelo governo central de Londres.

Existem outros pontos importantes em jogo: muitos escoceses não gostam da ideia de ter submarinos nucleares do Reino Unido estacionados no país. A campanha do “sim” diz que vai devolver as armas para Londres, caso saia vitoriosa. Outro fator importante é o da Escócia ser tradicionalmente um reduto trabalhista, o que poderia fazer com que muitos eleitores votem pela independência só para contrariar o governo do primeiro-ministro David Cameron, que é conservador. A campanha do “não” teme que os escoceses votem em protesto e vem insistindo em dizer que a decisão desta quinta-feira não tem volta e por isso cada voto precisa ser bem pensado.

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