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Fato em Foco

Maior organização humanitária do mundo, Cruz Vermelha comemora 150 anos

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Nesta sexta-feira (22), a Cruz Vermelha, a maior organização humanitária do mundo, comemora 150 anos de atividades nos cinco continentes. A primeira Convenção de Genebra, assinada em 22 de agosto de 1864, criava a entidade e estabelecia, pela primeira vez, as leis do direito internacional humanitário, impondo limites às ações de guerra. Hoje, um século e meio depois, mais uma vez a humanidade se confronta com a necessidade de delimitar até onde o conflito pode ir, com a emergência das armas autônomas.

2013 marcou o 150º aniversário do nascimento do Movimento Internacional da Cruz Vermelha, que foi oficializada no ano seguinte.
2013 marcou o 150º aniversário do nascimento do Movimento Internacional da Cruz Vermelha, que foi oficializada no ano seguinte. cruzvermelha.pt
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A Cruz Vermelha atravessa as fronteiras dos lugares mais remotos e perigosos para ajudar as vítimas de guerras, mas também de catástrofes naturais, epidemias e outras situações de urgência. Tudo começou com o idealismo de um homem, o suíço Henry Dunant.

“O que o motivou foi realmente a experiência no campo de batalha. Henri Dunant era um comerciante de Genebra e viveu a batalha de Solferino, de 1859. Ele viu o custo humano do conflito para os doentes e feridos nos dois lados, e sentiu a necessidade de se dar assistência humanitária para esses feridos”, relata Knut Doermann, diretor jurídico do Comitê Internacional da Cruz Vermelha, em Genebra.

Três anos depois, a organização civil e independente foi criada e, no ano seguinte, oficializada com um status único no mundo, o de entidade soberana não-governamental do direito público internacional, a exemplo do Vaticano. Ao longo da história, a Cruz Vermelha tem nos princípios de imparcialidade, neutralidade e independência as únicas armas para poder socorrer as vítimas de um conflito, seja de que lado do confronto estiverem.

“É sempre crucial para a Cruz Vermelha poder trabalhar em situações de conflito com o consentimento de todas as partes. Nós precisamos falar com todos e oferecer uma mediação para facilitar as ações humanitárias”, afirma. “Isso também é muito importante para garantir a segurança dos nossos funcionários em campo.”

Mortes

Apesar de não tomar partido, a organização é frequentemente vítima de ataques, por acidente ou ação deliberada. A cada ano, cerca de 10 funcionários da entidade perdem a vida em serviço, uma realidade que mostra o quanto ainda falta para que as leis internacionais sejam respeitadas, destaca Doermann. Desde 1864, todos os feridos de guerra e aqueles que os socorrem não podem ser tomados como alvos.

“Cada perda é extremamente difícil para a organização. Recentemente, tivemos um colega suíço assassinado na Líbia. São momentos que marcam todos na organização”, lamenta. “Também não podemos esquecer que há muitos voluntários de associações nacionais que acabam mortos. O número de voluntários mortos na Síria já passa de 30. Isso mostra toda a coragem das pessoas que trabalham nisso e os perigos que elas estão dispostas a aceitar pela causa.”

O número de colaboradores da organização impressiona: em todo o mundo, são mais de 100 milhões de pessoas envolvidas no trabalho humanitário em nome da Cruz Vermelha, que também realiza ações em grandes cidades em tempos de paz, como ajuda aos sem-teto ou apoio aos dependentes químicos. Para partir em zonas de conflito, entretanto, é necessário passar por uma série de treinamentos específicos, de acordo com a missão.

Armas autônomas

Um dos principais desafios dos tempos atuais é o enquadramento do uso das chamadas armas autônomas nos conflitos. Este tipo de armamento, conhecido como robô assassino, procura, seleciona e ataca alvos, sem a intervenção de um operador humano. Eles seriam capazes de se adaptar às circunstâncias do local para o qual são enviados, uma situação que suscita apreensão em relação à proteção dos civis e pode provocar mais uma revisão das leis internacionais sobre o assunto, conforme o diretor jurídico da Cruz Vermelha.

“Com a evolução dos conflitos, precisamos nos questionar se as regras ainda são suficientemente precisas para responder aos desafios colocados com a chegada de novas armas. Quando pensamos nas armas autônomas que estão se desenvolvendo e começam a ser usadas, precisamos saber se elas são capazes de respeitar as regras de base do direito militar internacional”, ressalta. “Elas conseguem distinguir entre combatentes e civis? Conseguem avaliar de verdade o sucesso militar de um ataque a um alvo legítimo e as perdas colaterais que acontecerão na população civil? Estes desafios acontecem agora.”

Em recompensa às suas ações, a Cruz Vermelha já recebeu três prêmios Nobel, em 1917, 1977 e 1963.
 

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