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Linha Direta

Medo de hospital e falta de segurança fazem Ebola avançar em Serra Leoa

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A epidemia de Ebola continua se espalhando pelo oeste da África. O primeiro caso registrado foi na Guiné, no ano passado, tomando em seguida Libéria, Serra Leoa e, em menor escala, Nigéria. A ONG Médicos Sem Fronteiras constata que a epidemia está fora de controle e não deve ser contida antes de dezembro deste ano. No total, nos quatro países atingidos, são 2.240 casos com 1.229 mortos.  

Funcionário do Hospital de Kenema, província a leste da Serra Leoa, cuida de uma paciente com o vírus Ebola em 6 de agosto de 2014.
Funcionário do Hospital de Kenema, província a leste da Serra Leoa, cuida de uma paciente com o vírus Ebola em 6 de agosto de 2014. REUTERS/Dunlop/UNICEF/Handout via Reuters
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Patrícia Campos Mello, correspondente da Folha de São Paulo, especial para RFI Brasil

Serra Leoa e seus desafios

A epidemia de Ebola em Serra Leoa começou em fevereiro e já causou a morte de 365 pessoas, entre 848 casos. Hoje, a doença está fora de controle.

Em Serra Leoa, ao principal problema é que as pessoas têm medo de hospital, elas pensam que quem entra num hospital não sai vivo. Então, elas não levam os doentes de Ebola para o hospital, eles ficam em casa e acabam contaminando toda a família. Este é o desafio para as autoridades sanitárias: entrar nesses vilarejos e monitorar quem entrou em contato com os doentes.

Outro problema é a questão da segurança nos hospitais. A ONG Médicos sem Fronteiras tem um hospital em Kailahun, epicentro da epidemia, que não teve nenhum caso de contaminação porque segue um protocolo muito rígido. Mas nos outros hospitais do governo teve muita contaminação, inclusive o médico mais famoso de Serra Leoa, Sheik Umar Khan, que tratou o maior número de pessoas afetadas, morreu de Ebola. Então, é este o desafio: acabar com a contaminação de médicos e enfermeiros dentro dos hospitais.

Contágio

Eu estava conversando com médicos do Center of Disease Control, dos Estados Unidos, que estão aqui ajudando a combater a epidemia. Eles me explicaram que só há risco de contágio para quem tenha comido morcego ou macaco contaminado; cuidado de um parente infectado com Ebola - esta é a forma mais comum de transmissão pois as pessoas ficam doentes e os parentes vão cuidar, acabam tocando nelas; tratado de um doente no hospital, como médicos e enfermeiros, ou ido a um enterro, tendo limpado e embrulhado o corpo. Em Serra Leoa, lavar o morto e embrulhá-lo faz parte do ritual tradicional do enterro.

A contaminação por fluídos ( suór, sangue, vômitos) só acontece quando a pessoa já apresenta todos os sintomas do Ebola como febre, vômitos e diarreia. No estágio mais avançado da doença pode haver sangramentos. Estes são os mesmos sintomas da malária. Tudo indica que as pessoas que se curaram do Ebola criam anticorpos e não são mais contaminadas.

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