Eles estão por toda parte: nas estações de trem, metrô, nos parques e até mesmo dentro de prédios ultra-seguros, como é o caso da sede da UNESCO em Paris. Os cerca de 6 milhões de ratos parisienses, em média dois para cada habitante, podem ser vistos em qualquer hora do dia e da noite na capital.
A quantidade de roedores presentes no gramado do museu do Louvre é surpreendente. Sem medo dos turistas, que muitas vezes até mesmo os alimentam, eles circulam no local como gatos, cachorros ou outros animais domésticos. O filme Ratatouille, de Walt Disney, teria contribuído para mudar a imagem dos ratos, durante muito tempo associados à peste bubônica ?
O fato é que, em Paris, a presença deles tornou-se comum e parece não assustar os franceses e turistas, como mostram esse vídeos (veja abaixo). A proximidade com os ratos suscita preocupação das autoridades, já que os roedores podem transmitir a Leptospirose, entre outras doenças graves.
A reportagem da RFI conversou com um gari que trabalha há 17 anos na limpeza dos jardins de Tuilleries, onde fica o museu do Louvre. Ele conta que a quantidade de comida jogada no local atrai os roedores.
"Os ratos são numerosos porque tem comida jogada na grama, no chão, em qualquer lugar. Eu os vejo o tempo todo: atravessando a rua, no gramado. No começo eu tinha medo, mas agora me habituei." Segundo ele, as lixeiras são atacadas pelos ratos, estando abertas ou fechadas. "Eles são enormes. Tem grandes e pequenos. À noite ou quando chegamos de manhã, perto das lixeiras tem ratos por toda parte. Às vezes, tem períodos onde o número diminui", diz.
Os bares e restaurantes ao redor do museu também têm dificuldade em lidar com o problema, mas o assunto é tabu. "Não podemos falar na TV ou na rádio. Mas há ratos, isso é inegável, principalmente à noite, é impressionante", diz um garçom de um badalado estabelecimento, frequentado pela classe alta da capital.
Reformas contribuem para aumento do número de roedores
Cécile Aurouze, gerente de uma empresa de desratização e dedetização, também explica que as obras em Paris, na época do verão, contribuem para o aumento do número dos roedores, que fogem dos bueiros e subterrâneos, ficando mais visíveis. "Uma das explicações é o número de reformas na cidade. A renovação de estações de metrô, por exemplo, necessita uma escavação profunda, que incomoda os ratos. Eles então perdem seus pontos de referência", diz. Além disso, no verão os turistas e os parisienses comem na rua, deixando migalhas ou pedaços de sanduíches que os atraem", completa.
Prefeitura de Paris não fala sobre o assunto
Procurada pela RFI, a assessoria de imprensa da Prefeitura de Paris se recusou a comentar o assunto, alegando que o "gramado do Louvre é de responsabilidade do museu", e negando que a capital esteja infestada. A prefeitura da cidade possui seu próprio serviço de desratização, que atua em prédios públicos, jardins e ruas. A Secretaria de Segurança Pública também dispõe de um setor dedicado à luta contra os roedores.
Todos o anos, Paris é alvo de uma operação de caça aos ratos, na Primavera. Em 2014, ela foi realizada entre os dias 14 de abril e 13 de junho. Os imóveis residenciais e comerciais também têm a obrigação de acabar com ratos e camundongos em seus apartamentos e dependências, caso contrário podem ser multados.
NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.
Me registro