Jornais franceses criticam fracasso da política econômica de François Hollande

A política econômica do presidente francês, François Hollande, é o assunto de capa dos principais jornais franceses desta sexta-feira (8). Na quarta-feira, o Conselho Constitucional da França rejeitou uma medida que favoreceria os trabalhadores de baixa renda, e retirou grande parte do impacto social do projeto conhecido como "pacto de responsabilidade". O governo prometeu medidas alternativas para ampliar o dispositivo de redução de impostos já anunciado pelo executivo, mas a imprensa francesa parece cética quanto às promessas do governo socialista.

Capa do jornal Libération desta sexta-feira, dia 8 de agosto de 2014. Reprodução

O jornal progressista Libération dedica suas três primeiras páginas aos pontos cruciais a serem trabalhados pelo governo Hollande. "Não importa para qual lado olharmos, o horizonte nos parece muito escuro", diz o editorial do diário. "É preciso reagir, ter um pouco mais de audácia, nos dar algumas razões para ainda acreditar no governo Hollande", completa.

Libération enumera os principais problemas da política econômica do país no momento. O jornal avalia que o desemprego chegou a um nível "insuportável". Do pacto de responsabilidade, sobre o qual pairava boa parte das esperanças de recuperação econômica, foi cortada a medida que poderia favorecer os trabalhadores de baixa renda. O pedido de socorro de Hollande à chanceler alemã Angela Merkel foi praticamente ignorado. Além disso, o governo socialista perdeu pontos no cenário político internacional com a confirmação da venda dos navios Mistral à Rússia, em um momento em que os aliados sancionam Moscou devido à crise na Ucrânia. O apoio a Israel no conflito em Gaza também indignou a opinião pública.

Quem vai pagar a conta

Já o jornal conservador Le Figaro pergunta quem vai tirar do bolso o talão de cheques no segundo semestre para pagar a conta. E se pergunta também quem é que vai tirar a França deste impasse. Porque com a decisão de punir os salários mais modestos da França, Hollande está bem perto até mesmo de ser considerado como um traidor por seus colegas socialistas, segundo Le Figaro.

"Não importa a qual astúcia se recorra, esse malabarismo fiscal vai continuar tendo consequências negativas para as contas públicas e afastando a tão esperada recuperação ecônomica", avalia o jornal. "O governo Hollande está cansando a França", finaliza.

Consequência do embargo russo

Já o jornal econômico Les Echos aborda as consequências que o embargo anunciado ontem pelo governo russo sobre os produtos agroalimentares europeus pode ter para a economia francesa. A decisão de Moscou é uma resposta às sanções impostas pelos países ocidentais à Rússia por seu papel no conflito no leste da Ucrânia.

A França é o décimo fornecedor de produtos agroalimentares da Rússia e, de acordo com Les Echos, a economia francesa lucra 1 bilhão de euros por ano com essas exportações. "A medida russa pode ter graves consequências para a França", escreve o jornal.

Les Echos entrevistou especialistas que acreditam que é necessário recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC). "Não podemos ficar em um contexto onde a Rússia se isola", diz Xavier Beulin, presidente do principal sindicato agrícola do país. "Prateleiras vazias poderiam incentivar consumidores russos a reagir", propõe Beulin, que fez o pedido de uma reunião urgente para tratar do embargo com François Hollande.

Campeonato francês

Aujourd'hui en France faz uma pausa nos assuntos de política e economia, e fala sobre futebol. O Campeonato Francês começa esta noite com o encontro do Paris Saint-Germain contra o Reims. Apesar de David Luiz ter sido apresentado ontem pelo presidente do PSG como "o melhor zagueiro du mundo", o brasileiro não vai entrar em campo hoje.

De acordo com as previsões do Aujourd'hui en France, David Luiz deve estrear no dia 16 de agosto, contra o Bastia, pelo Campeonato Francês. Parece que os holofotes estarão todos hoje sobre o camisa 10 do PSG, Zlatan Ibrahimovic.