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Ciência e Tecnologia

Cartas meteorológicas via satélite podem diminuir incidentes aéreos

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Como explicar a recente onda de acidentes aéreos se o avião ainda é o meio de transporte mais seguro do mundo? A queda da aeronave da Air Algérie, no dia 17 de julho no norte do Mali, traz à tona a questão do acesso da tripulação aos dados meteorológicos via satélite, que permitem desviar de zonas de risco.

Homem passa ao lado de pedaço do Boeing da Malaysia Airlines acidentado no leste da Ucrânia.
Homem passa ao lado de pedaço do Boeing da Malaysia Airlines acidentado no leste da Ucrânia. REUTERS/Sergei Karpukhin
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As investigações sobre o acidente ainda estão no início, mas já se sabe que o piloto havia solicitado uma mudança de rota pouco antes da queda. A catástrofe aconteceu em uma zona de convergência intertropical, áreas onde as tempestades podem se formar instantaneamente, colocando a estabilidade do avião em risco.

Este foi o caso do voo AF447, que caiu em 31 de maio de 2009, com 228 pessoas a bordo. O mau tempo explicaria em parte o congelamento dos sensores Pitot em pleno voo, que desencadeou uma série de incidentes e a consequente queda do Airbus330.

No caso da companhia Air Algérie, ainda é cedo para afirmar que as condições climáticas contribuíram para a tragédia, mas especialistas em segurança aérea defendem uma mudança na regulamentação. Hoje, as chamadas cartas meteorológicas via satélite não são obrigatórias, explica o piloto francês Jean François Huzen, presidente da União Nacional dos Pilotos de Linha, sindicato majoritário da categoria.

Segundo ele, as companhias aéreas não são obrigadas a fornecer à tripulação a atualização constante, na tela do cockpit, das condições do tempo na rota efetuada pela aeronave. Na maioria dos casos, durante a preparação do voo, os pilotos têm apenas acesso às chamadas "Temsi", cartas de previsão do tempo.

"Para que haja uma evolução, e aos poucos isso será implementado de uma maneira geral, é preciso ter a bordo do avião uma ligação direta via satélite que possibilitaria o acesso a cartas meteorológicas instantâneas na rota do avião e não previsões dadas antes do voo, às vezes dez ou doze horas antes", diz.

Radares não detectam tempestades

De acordo com o presidente do sindicato, durante o voo os pilotos dispõem apenas dos radares – não tão sofisticados quanto as cartas via satélite- e das informações de outras tripulações. "O mais complicado é que os radares são muito diferentes entre si, cada avião tem uma tecnologia diferente. Além disso, os radares não detectam as tempestades, apenas visualizam gotas de chuva. Em seguida, cabe ao piloto interpretar o risco dessas 'gotas' para o avião”, diz.

Já as cartas meteorológicas via satélite, explica, mostrariam em tempo real a posição das nuvens, como as temidas cumulonimbus, por exemplo, presentes nas tempestades e consideradas como o pesadelo dos pilotos. "Para que as cartas meteorológicas fiquem disponíveis a bordo, é preciso implementar uma conexão aos dados do satélite através de uma interface, para que as nuvens sejam visíveis na tela do cockpit e o piloto possa evitá-las. Mas essa ainda é uma tecnologia razoavelmente recente."

Idade dos aviões dificulta adoção de nova tecnologia

Um dos problemas que impede a rápida adoção da carta via satélite é a idade dos aviões. Os mais antigos não possuem sistemas adaptados à integração da nova tecnologia, mesmo estando corretamente certificados e dentro das normas impostas pela AESA (Agência Europeia de Segurança Aérea). Em média, a vida ativa de um avião é entre 20 e 30 anos.

O piloto lembra, entretanto, que as grandes companhias investem no dispositivo. "Podemos fazer um paralelo com um carro: tem gente que utiliza o sistema ABS para freiar melhor, e outros não. Aqueles que tem, estão mais protegidos, mas ambos os veículos estão autorizados a andar na estrada."
 

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