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Imprensa francesa considera 2014 como um ano trágico para a aviação civil

A mesma foto ilustra a capa da maioria dos jornais franceses nesta manhã (25): um avião da companhia aérea Air Algérie. Ontem, depois de uma semana que marcará negativamente a história da aviação civil, o voo AH 5017, que fazia a rota entre Uagadugu, a capital do Burkina Faso, e Argel, capital da Argélia, caiu no Mali, com 116 pessoas a bordo. Entre elas, 51 franceses. Esta tragédia ocorre apenas uma semana depois que uma aeronave da Malaysia Airlines foi provavelmente abatida por um míssil no leste da Ucrânia, e um dia depois que outro, da TransAsia, caiu próximo da ilha de Taiwan.

Três jornais, uma capa
Três jornais, uma capa RFI
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"Série negra" é a manchete do Aujourd'hui en France. O diário popular traz um mapa mundi com os locais das últimas quatro catástrofes aéreas. Além desses, ele lembra também o outro Boeing 777 da Malaysia Airlines, que desapareceu quando fazia a rota entre Kuala Lumpur e Pequim, com 239 pessoas a bordo. Sobre o acidente com o McDonnell 83 da Air Algérie, o jornal destaca que ele levanta muitas questões.

"Uma falha técnica? Um problema meteorológico? Um ataque militar?" são as perguntas que faz o diário, lembrando que o avião caiu em uma região "sensível", do norte do Mali, onde o exército francês entrou em combates violentos com jihadistas da Aqmi, a Al-Qaeda do Magreb Islâmico.

"Apesar do sucesso da operação Serval, lançada em 2013 para expulsar os jihadistas, diferentes grupos armados continuam rondando uma parte do país", lembra o Aujourd'hui en France, citando narcotraficantes, combatentes do Movimento pela Unidade e a Jihad na Africa Ocidental e remanescentes da Aqmi que conseguiram escapar da ofensiva francesa.

Mas, por enquanto, o fator meteorológico é a causa mais provável, já que em seu último contato, 50 minutos depois da decolagem, o piloto pediu para desviar a rota. É temporada de tempestades na região.

Zona intertropical

Le Figaro lembra que a aeronave acabava de sair de uma zona de convergência intertropical, uma faixa tempestuosa que concentra os ventos que vêm do hemisfério norte e os do sul. Esse fenômeno meteorológico se desloca um pouco ao norte da linha do Equador nesta época do ano, exatamente para a região subsaariana por onde passava o AH 5017.

O jornal lembra que o acidente com o AF447, que caiu no mar quando fazia a rota entre Rio de Janeiro e Paris, também foi causado por uma tempestade na zona intertropical. De acordo com um meteorologista ouvido pelo Figaro, o fenômeno costuma ser mais acentuado em terra do que sobre o oceano: "A terra esquenta mais durante o dia e a tempestade ganha mais energia", afirma o especialista. De fato, fazia 37 graus na capital do Burkina-Faso quando o avião decolou.

Avião é seguro, mas...

Em editorial assinado por François Sergent, o Libération lembra que o avião ainda é o meio de transporte mais seguro que existe, apesar do que chama de "ano negro" para a aviação civil. Em 2014, os acidentes aéreos já mataram mais de 730 pessoas, contra 210 em 2013. Ainda que o aumento das tragédias possa ser fortuito, o diário pede que governos, autoridades e companhias aéreas dediquem todos os esforços para esclarecer as circunstâncias desses dramas.

"Cada passageiro que tomar um avião nos próximos dias para viagens de férias deve ter a certeza de que o aparelho foi controlado e verificado, que seus pilotos foram formados corretamente e que a rota é segura". O jornal destaca ainda que as condições de sobrevoo de zonas de guerra devem ser particularmente avaliadas.

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