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Tensões interreligiosas ameaçam a paz mundial

As tensões interreligiosas observadas atualmente em vários países dominam as manchetes dos jornais nesta quarta-feira (22). Antissemitismo na França, perseguição aos cristãos no Iraque, massacre de palestinos em Gaza, em pleno período sagrado do Ramadã. A imprensa francesa mostra hoje que o extremismo e o recurso às armas contra populações de diferentes crenças religiosas ameaçam a paz mundial.

Capa dos jornais franceses Le Figaro e Liberation desta quarta-feira, 23 de julho de 2014.
Capa dos jornais franceses Le Figaro e Liberation desta quarta-feira, 23 de julho de 2014.
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O diário conservador Le Figaro relata o que chama de "calvário dos cristãos de Mossul", no norte do Iraque. Até a semana passada, 3 mil católicos habitavam a cidade iraquiana. Ameaçados de morte pelos jihadistas do grupo Estado Islâmico, os cristãos de Mossul tiveram de fugir às pressas e buscar refúgio na província vizinha do Curdistão, para escapar da barbárie.

Os extremistas islâmicos, que fundaram um califado na região, marcaram as casas dessa minoria de fiéis com inscrições pejorativas escritas em árabe, como nos piores tempos da perseguição nazista aos judeus. Le Figaro registra o apelo de um padre que deixou Mossul há um mês. Padre Gabriel pede o envio de uma força militar internacional para proteger os cristãos do Iraque.

Locais sagrados profanados em Gaza

Em reportagem sobre a ofensiva israelense à Faixa de Gaza, Le Figaro revela que a guerra contra o Hamas não poupa nenhum refúgio. Mesquitas têm sido bombardeadas, o cemitério grego ortodoxo de Zeitun, na zona leste de Gaza, teve sepulturas danificadas por bombardeios, e centenas de palestinos muçulmanos, que buscaram refúgio na Igreja Santo Porfírio, foram alvo de bombas israelenses.

Uma palestina ouvida pelo jornal questiona: se até os cemitérios são atacados, para onde podemos fugir? Um porta-voz da ONU declara, na reportagem, que não existe local seguro para os civis em Gaza.

Jihadistas franceses

O mesmo jornal destaca informação sobre o fluxo de franceses que deixam o país para se juntar aos jihadistas na Síria. Ontem, a polícia francesa desmantelou uma célula jihadista na cidade de Albi, composta de dois homens e uma mulher, todos de nacionalidade francesa, que se preparavam para ir à Síria fazer a guerra santa ao lado de extremistas islâmicos.

O Ministério do Interior constata uma alta preocupante desse fenômeno de adesão ao jihadismo: 800 franceses deixaram a França para lutar na guerrilha síria, um aumento de 56% em alguns meses. O grande temor das autoridades é que eles recebam treinamento terrorista para retornar à França e promover atentados no solo francês.

Antissemitismo de um novo gênero

Pelo terceiro dia consecutivo, o jornal Libération publica manchete sobre o antissemitismo na França. Depois dos distúrbios nas manifestações pró-palestinas do fim de semana, Libération mostra que a internet e as redes sociais se tornaram um poderoso meio de propagação do antissemitismo.

Em seu editorial, o jornal afirma que durante muitos anos a esquerda se recusou a assumir a existência de um antissemitismo de um novo gênero na França, incrustrado entre jovens descendentes da imigração árabe, moradores de bairros populares abandonados pelo Estado. Libération faz questão de frisar que esses jovens são manipulados por um pequeno grupo de gurus islamitas, sem relação com a massa de 6 milhões de muçulmanos que vivem pacificamente no país.

Na opinião do jornal, a progressão antissemita e os ataques aos judeus vistos nas recentes manifestações pró-palestinas devem servir de alerta às autoridades. Após décadas de exclusão e descaso com os imigrantes árabes e seus descendentes, a sociedade francesa está dividida e fragilizada.

Segundo Libération, "as elites econômicas francesas vivem em outro planeta e políticos irresponsáveis atiçam a opinião pública com uma obsessão identitária que também é culpada dessa deriva". O jornal se refere aos discursos de políticos de direita e de extrema-direita, que atacam jovens da segunda e terceira geração de imigrantes nascidos no país como se eles fossem eternos estrangeiros.

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