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Fato em Foco

Para especialista, escândalo sobre venda irregular de ingressos da Copa não é surpresa

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A detenção nesta semana do britânico Raymond Whelan, acusado de comandar, junto com o franco-argelino Mohamadou Lamine Fofana, um esquema de venda ilegal de ingressos para os jogos da Copa do Mundo, trouxe à tona um tema polêmico ligado ao mundo do futebol : o monopólio da Fifa na gestão da venda das entradas para as partidas. Mas para um especialista ouvido pela RFI, o episódio não é nenhuma surpresa.

Quadrilha internacional de cambistas foi apreendida por venda ilegal de ingressos na Copa.
Quadrilha internacional de cambistas foi apreendida por venda ilegal de ingressos na Copa. policialbr.com
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O escândalo desta semana chamou a atenção da mídia, pois Whelan é o diretor da Match, empresa que vendia pacotes de luxo para a Copa e que era bem próxima da Federação Internacional de Futebol. A tal ponto que ela já acertou com a Federação a exclusividade de seus serviços de comercialização de ingressos para as Copas do Mundo em 2018, na Rússia, e em 2022, no Catar. Além disso, a Match tem entre seus acionistas uma outra companhia, a Infront Sports and Media, baseada na Suíça e dirigida por Philippe Blatter, sobrinho de Joseph Blatter, número 1 da Fifa.

Mas essa não é a primeira vez que a gestão da venda de ingressos é alvo de denúncias durante uma Copa do Mundo. O jornalista e escritor português Luis Aguilar, autor do livro Jogada Ilegal, que conta os bastidores da Federação, lembra que em 2002, 2006 e em 2010, casos semelhantes já haviam sido registrados. Na época, o nome de Jack Warner, ex-dirigente do comitê executivo da Fifa, chegou a ser associado a um eventual esquema de mercado negro de bilhetes. Para o escritor, o fato de a instituição ter o controle total sobre o Mundial facilita esse tipo de incidente. “Se alguém da Fifa quiser desviar as normas, é muito difícil controlar. Como é que a instituição vai ser a sua própria polícia ?”, questiona o especialista.

No entanto, mesmo se outros casos já haviam sido denunciados, a descoberta do escândalo no Brasil pode ser vista como um legado positivo desta Copa do Mundo. “Mesmo que ninguém seja punido, pelo menos haverá um controle cada vez mais rigoroso e as pessoas envolvidas nesses esquemas não poderão andar tão à vontade em futuros torneios, como na Rússia e no Catar”, comenta Aguilar. 

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