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Linha Direta

Itália assume presidência rotativa da União Europeia

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A Itália assume nesta terça-feira (1°) a presidência rotativa de uma União Europeia em transição. O novo parlamento europeu, eleito no fim de maio, também toma posse hoje. Neste semestre acontecem também as nomeações dos novos presidentes do Europarlamento, da Comissão Europeia e do Conselho Europeu.

A Itália assume a presidência rotativa da União Europeia. Na foto o primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi.
A Itália assume a presidência rotativa da União Europeia. Na foto o primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi. REUTERS/Francois Lenoir
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Gina Marques, correspondente da RFI na Itália

As recentes eleições nos 28 países que compõe a União Europeia foram marcadas pelo aumento de um eleitorado desiludido com as políticas econômicas de austeridade, que acabou dando destaque aos partidos chamados eurocéticos, que não acreditam na moeda única e defendem as autonomias regionais.

Na quarta-feira, o primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, vai apresentar ao Parlamento Europeu, em Estrasburgo, o programa para o semestre de presidência italiana. A lista de prioridades tem o acordo dos países membros. A Itália propõe três objetivos principais: primeiro, o crescimento da economia, focalizando uma maior flexibilidade em relação aos vínculos de balanço econômico, ao invés da rígida austeridade imposta pela Europa.

Em seguida, vem a criação de novos empregos, principalmente para os jovens. E, finalmente, o tema da imigração. A Itália quer maior participação da Europa na gestão dos fluxos imigratórios e evitar carregar sozinha o peso de novos imigrantes que chegam diariamente na península. Para se ter uma ideia, nos últimos dois dias foram socorridos cinco mil imigrantes, mas 30 pessoas morreram. Os naufrágios são uma tragédia diária com centenas de vítimas.

Balanço grego

A Grécia presidiu o semestre europeu em pleno resgate e recebeu elogios dos seus parceiros por uma liderança considerada organizada e sóbria. A entrada em vigor do Tratado de Lisboa, em 2009, trouxe importantes mudanças, como o aumento de decisões por votação por maioria qualificada no Conselho da União Europeia, além de instituir figuras como o presidente do Conselho Europeu e o Alto Representante para os Negócios Estrangeiros.

Dessa forma, diminuíram as competências das presidências de turno da União Europeia que passaram a ter papéis mais discretos. Além disso, a Grécia não teve destaque na gestão dos principais acontecimentos que marcaram o primeiro semestre do ano a nível europeu, como o conflito entre a União Europeia e Rússia devido à crise na Ucrânia.

A presidência grega seguiu quase como espectador e não poderia ser diferente. A Grécia fez avanços na construção da união bancaria, mas foi criticada por ter feito pouco para combater a imigração ilegal. A partir de quarta, em Estrasburgo, o parlamento europeu vai fazer um balanço da liderança grega e a apresentação do programa da presidência italiana.

As discussões serão separadas, e cada uma terá a participação os chefes de governo respectivo, o grego, Antonis Samaras, e o italiano, Matteo Renzi. Uma curiosidade: a Grécia registrou a presidência do bloco europeu mais barata da história, tendo custado apenas 50 milhões de euros, cerca de 150 milhões de reais. A Itália pretende gastar 68 milhões de euros com a presidência semestral. Um orçamento enxuto, se comparado ao semestre de presidência francesa em 2008, que foi de 170 milhões de euros.

O Partido Democrático de Matteo Renzi conquistou 40,8% da preferência popular nas eleições europeias. Já o principal partido antagonista, o Movimento 5 Estrelas, do ex comediante Beppe Grillo, alcançou 21, 1%, decepcionando as expectativas de vitória dos eurocéticos. O sucesso de Renzi e do seu partido de centro-esquerda moderado, exerce uma forte repercussão na Europa.

Renzi é um bom comunicador, fala espontaneamente nos discursos e usa uma linguagem simples. O premiê italiano é um líder jovem, tem apenas 39 anos, e propõe reformas políticas que , segundo ele, diminuiriam o risco da Itália ser ingovernável, como aconteceu diversas vezes nos últimos anos.

O primeiro-ministro propõe também diversos incentivos para os jovens, pois na Itália o índice de desemprego de jovens é de 43,3%, sendo o quarto pior país da zona do euro quanto ao número de jovens desempregados, depois da Grécia, Espanha e Croácia. O primeiro-ministro italiano representa uma nova geração na política do Velho Continente, uma geração que não tem a responsabilidade dos erros do passado. Mas é preciso lembrar que o governo Renzi tem apenas 125 dias e que não foi eleito diretamente pelos italianos.

 

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