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Fato em Foco

Movimento rebelde se internacionaliza e questiona fronteiras no Iraque

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O grupo Estado Islâmico do Iraque e do Levante (conhecido pelas siglas EIIL em francês e ISIS em inglês) se uniu essa semana com a Frente al-Nusra, braço sírio do Al Qaeda. Com a aproximação, os rebeldes sunitas, que lançaram uma importante ofensiva no território iraquiano, ganham força na Síria e colocam em risco fronteiras históricas do Oriente Médio.

Grupos xiitas fortemente armados tomaram as ruas do bairro de Sadr city, na periferia de Bagdá, em protesto contra a ofensiva sunita.
Grupos xiitas fortemente armados tomaram as ruas do bairro de Sadr city, na periferia de Bagdá, em protesto contra a ofensiva sunita. REUTERS/Wissm al-Okili
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Criado em 2004, logo no início da intervenção das tropas norte-americanas na Iraque, o ISIS nasceu como um braço da Al Qaeda no Iraque. Mas em 2006 ele se uniu a várias facções insurgentes e passou a se chamar Estado Islâmico do Iraque do Levante. Concentrado em áreas rurais durante a presença das forças dos Estados Unidos, o grupo ganhou força após a retirada dos soldados ocidentais do país em 2011 e hoje já conta com cerca de 10 mil jihadistas, intensificando os seus projetos de expansão.

Pois mesmo se o grupo nasceu no Iraque, seu objetivo inicial sempre foi internacional. Seus fundadores visam criar um Estado submetido à charia, a lei islâmica, sob forma de um novo califado que iria bem além das fronteiras iraquianas, se estendendo do Mar Mediterrâneo até o Rio Tigre. Com isso, o ISIS dominaria uma zona que inclui o Iraque, mas também a Síria, o Líbano, a Turquia e até uma parte do Irã.

Além do braço de ferro entre sunitas e xiitas, o movimento questiona várias fronteiras da região, que foram delimitadas em 1916, quando os ocidentais partilharam os territórios em volta do atual Iraque. Na época, as linhas do Oriente Médio “foram praticamente traçadas de fora pelas potências europeias, que dividiram o que seria a ‘Grande Síria’ em Síria e Líbano para que uma parte ficasse para a Inglaterra e outra para a França”, como lembra a pesquisadora especializada em história do oriente do Centro Universitário de Brasília (UniCeub), Carmen Lícia Palazzo. E a legitimidade dessas fronteiras é um dos principais pontos visados pelo ISIS, que aproveita o momento de instabilidade na Síria para conquistar aos poucos o terreno na região.

Irã e Turquia ameaçados

Para a pesquisadora, os turcos e os iranianos, situados nos dois extremos geográficos da zona reivindicada pelo ISIS, são os países com posições mais delicadas. “A abolição do califado foi um passo importante na modernização da Turquia”, ressalta a historiadora, que vê os planos do grupo como um retrocesso evidente. Já no caso do Irã, de maioria xiita, “uma volta do califado representaria uma volta do poder sunita”.

Ouça a entrevista completa clicando aqui.

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