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Ucrânia/Invasão russa

Kiev acusa Rússia de propaganda "pró-agressão" no leste

Neste sábado (31), a Ucrânia acusou Moscou de lançar uma campanha de propaganda para justificar sua "agressão" ao leste do país, incentivar o separatismo pró-russo e abalar a legitimidade do novo presidente pró-ocidental, Petro Porochenko. Depois dos violentos combates do início da semana no aeroporto internacional de Donetsk, os conflitos entre forças pró-Kiev e separatistas se multiplicam pelo território. Desde o início da semana, oito observadores da Organização pela Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) estão desaparecidos.

Combatente passa diante de caixões de milicianos pró-russos após batalha no aeroporto de Kiev
Combatente passa diante de caixões de milicianos pró-russos após batalha no aeroporto de Kiev REUTERS/Yannis Behrakis
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Para os russos, a origem da violência é uma "operação punitiva" de Kiev, que se recusa a dialogar com os separatistas e opta pela via das armas. A acusação é rechaçada pelas autoridades ucranianas: "O Kremlin não para de fazer declarações baseadas na emoção e de inventar informações com o único objetivo de legitimar a agressão russa", escreveu hoje no jornal de língua inglesa Kyiv Post o ministro das Relações Exteriores Andrii Dechtchitsa.

Em sua coluna, ele denunciou ainda uma "campanha massiva de informação lançada nos últimos dias pelo Kremlin contra a operação antiterrorista (ucraniana), com um discurso dúbio, repleto de falsas informações". De acordo com ele, o discurso do vizinho mostra que a Rússia está desesperada para aproveitar sua "última chance de influenciar a opinião pública internacional".

O chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, pediu mais uma vez que o secretário de Estado norte-americano John Kerry convença Kiev a cessar sua ofensiva no leste. Mas, de acordo com o conselheiro adjunto de segurança nacional dos Estados Unidos, Ben Rhodes, o presidente Barack Obama "expressará diretamente ao presidente eleito Porochenko seu apoio" à Ucrânia. Os dois se encontram na Polônia na próxima quarta-feira (4), antes de seguirem para a França para participar das comemorações da tomada da Normandia, no dia 6. Vladimir Putin também estará presente.

Armas e remédios

Nos últimos dias, o presidente russo multiplicou as conversas telefônicas com dirigentes ocidentais, entre eles o francês François Hollande. Ele acusa Kiev de violar a Convenção de Genebra de 1949 no que tange a obrigação dos estados de proteger os civis. De acordo com Putin, a Ucrânia usa deliberadamente seus meios militares contra a população do leste e se opõe à ajuda humanitária na região.

Para a diplomacia ucraniana, o discurso não passa de retórica: "Fornecer armamento de um lado e remédios do outro é, no mínimo, contraditório", ironizou Andrii Dechtchitsa, em referência à artilharia - inclusive pesada - utilizada por cidadãos russos que combatem ao lado dos insurgentes. Os próprios separatistas confirmaram que a maioria dos 40 mortos nos combates do aeroporto de Kiev era russa.

Diálogo e guerra

Eleito no último dia 25 no primeiro turno, Porochenko afirmou que pretende dialogar com Moscou, mas prometeu também agir com firmeza com relação aos rebeldes.

De fato, nesta semana, Kiev reforçou a ofensiva no leste, que já causou 200 mortes - entre soldados, separatistas e civis - desde seu início, em 13 de abril. De acordo com as autoridades ucranianas, Kiev ganhou terreno, mas os combates estão cada vez mais violentos e várias cidades da região - inclusive a capital Donetsk - sucumbiram à anarquia.

Crise de abastecimento

Além da violência, Kiev enfrenta o risco de uma interrupção no fornecimento do gás russo já na próxima terça-feira. Nas negociações desta sexta em Berlim, Kiev fez um gesto ao anunciar o pagamento de US$ 786 milhões de sua dívida de US$ 3,5 bilhões com a Rússia.

Uma nova rodada está prevista para segunda-feira em Bruxelas para discutir principalmente o preço, fixado a um nível sem precedentes depois da tomada do poder na Ucrânia pelos pró-ocidentais. A Europa também teme uma crise de abastecimento, já que boa parte de seu gás russo transita por território ucraniano.

 

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