Favoritismo de Juncker para presidir Comissão Europeia não é unânime
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Dois dias depois das eleições para o Parlamento Europeu, continua o "poker" para se decidir quem vai ser o presidente da Comissão Europeia. Nesta terça-feira (27), os líderes dos 28 paises da União Europeia se reuniram em Bruxelas e decidiram que o o presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, vai negociar com o Parlamento Europeu o nome a ser indicado para a presidência da Comissao Europeia.
Márcio Damasceno, correspondente da RFI Brasil em Berlim
Depois dessa reunião em Bruxelas, as chances do conservador Jean-Claude Juncker chegar à presidência do Conselho Europeu são boas, mas há ainda muita resistência entre os líderes europeus, principalmente os da direita.
Para atingir seu objetivo, Juncker luta para conseguir a maioria de 376 vozes e deve propor um programa que agrade também aos socialistas.
O candidato do grupo de centro-direita no Parlamento Europeu, Partido Popular Europeu (PPE), Jean-Claude Juncker, reivindica o posto de presidente da Comissão Europeia porque sua família partidária venceu as eleiçes europeias.
O PPE obteve 213 cadeiras, ficando como a maior bancada. A única possibilidade de se conseguir no Parlamento Europeu a maioria absoluta necessária de 376 deputados para eleger o presidente da Comissão é uma coalizão com os socialistas, que possuem 191 mandatos, com o possível apoio dos liberais, com 64 cadeiras.
Juncker e a direita
A missão do presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, de negociar com o Parlamento, parece ser uma tarefa dificil.
Jean-Claude Juncker é tido como a principal opção para a chefia da Comissão Europeia, mas apesar de ser o candidato da bancada conservadora, a mais numerosa do Parlamento Europeu, seu nome enfrenta a resistência de alguns líderes conservadores da UE.
O premiê britânico David Cameron e o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, se dizem contra Juncker. O mesmo vale para os líderes de Suécia, Holanda e Lituânia.
Van Rompuy recebeu a missão de obter, nas próximas semanas, uma maioria absoluta entre os eurodeputados para possibilitar a eleição do sucessor do português José Manuel Durão Barroso.
Merkel e articulações
A chanceler alemã Angela Merkel apoia Juncker, mas deixou uma opção aberta para outros nomes. Merkel deixou transparecer que Juncker, apesar de ser o candidato de sua família partidária, não é a única opção.
Falando numa entrevista coletiva logo depois do encontro de cúpula em Bruxelas, ela confirmou essa impressão quando afirmou que, segundo o Tratado de Lisboa, cabe aos líderes europeus sugerir um nome a ser aprovado pelo Parlamento Europeu. Ela ressaltou que, embora seu candidato seja Juncker, é tambem aceitável a sugestão de novos candidatos para o cargo.
Merkel disse ainda que os líderes europeus discutiram as novas prioridades para a Europa, incluindo políticas que incentivem a criação de postos de trabalho, crescimento e energias alternativas, e clima. Ela sublinhou que o candidato a presidente da Comissão Europeia deve ter boas propostas em relação ao mercado de trabalho, ao saneamento das financas públicas e projetos de política climática.
A Alemanha no Parlamento Europeu
A Alemanha é o pais da UE com a maior bancada no Parlamento Europeu. Se por um lado os conservadores de Merkel venceram, obtendo a maior bancada, eles também tiveram o pior resultado até agora em eleições europeias, perdendo 2 pontos percentuais, enquanto os social-democratas cresceram 7 pontos percentuais.
Os eurocéticos do partido "Alternativa para a Alemanha", fundado no ano passado, é que lucraram com as perdas dos conservadores, conseguindo atrair votos de protesto e obtendo cerca de 7%.
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