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Fato em Foco

Negociações com as Farc viram foco das eleições na Colômbia

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A Colômbia vai às urnas neste domingo (25) para o primeiro turno das eleições presidenciais, após uma campanha marcada por escândalos e denúncias entre os principais candidatos, e principalmente sobre o futuro das negociações de paz com as Farc. O atual presidente, Juan Carlos Santos, busca a reeleição e enfrenta três opositores, mas a batalha se polarizou contra o conservador Oscar Zuluaga.

Juan Manuel Santos (à esq.), atual presidente da Colômbia, tem como principal adversário nas urnas, Óscar Iván Zuluaga (à dir.), aliado de Álvaro Uribe. Foto do debate que houve entre os candidatos dia 20 de maio em Bogotá.
Juan Manuel Santos (à esq.), atual presidente da Colômbia, tem como principal adversário nas urnas, Óscar Iván Zuluaga (à dir.), aliado de Álvaro Uribe. Foto do debate que houve entre os candidatos dia 20 de maio em Bogotá. REUTERS/Jose Miguel Gomez
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Segundo as pesquisas de intenções de voto, os dois estão tecnicamente empatados, com cerca de 25% dos votos, e o segundo turno parece inevitável. Em comum, eles dividem um passado de aliança com o ex-presidente Álvaro Uribe, que hoje apoia Zuluaga.

Luis Fernando Ayerbe, professor de Relações Internacionais da Unesp e especialista na América Latina, avalia que a disputa por uma mesma parcela do eleitorado estimulou a polarização na eleição. “Os dois vêm do mesmo campo, mas com a eleição de Santos, houve diferenças em relação a Uribe. Como eles estão disputando o mesmo eleitorado, os escândalos são um fator importante dessa polarização”, afirma. “Acho que a esquerda vai acabar escolhendo o voto útil.”

A principal diferença entre os dois candidatos favoritos é a posição sobre as negociações de paz com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), realizadas por Santos em Cuba. Zuluaga é favorável à solução militar, como Uribe. Este ponto acabou transformando a eleição quase em um referendo, afirma Fábio Borges, professor de Relações Internacionais da Universidade Federal da Integração Latino-americana.

“Tem uma sensibilidade muito grande em torno desse tema, porque é um assunto que, direta ou indiretamente, afeta todos os colombianos e existe um trauma muito grande. Todo mundo foi afetado por esse conflito, então ele é o centro das questões”, explica o professor. “Os outros temas, como saúde e desemprego, acabaram ficando à margem.”

Interesses regionais

O discurso mais radical de Zuluaga sobre as Farc, mas também a hostilidade do candidato em relação à Venezuela, fazem com que o atual presidente, Juan Carlos Santos, seja o preferido dos vizinhos na América do Sul, na opinião de Ayerbe. “A chegada de Santos configurou uma situação mais pragmática em relação aos países da Unasul. A ideologização que existia, com Uribe mais próximo dos Estados Unidos, diminuiu. Santos tem uma aproximação maior com o perfil do resto da região, embora seja conservador”, lembra. “E a questão da paz regional é fundamental para as elites colombianas, que querem a projeção do país na economia internacional.”

A polêmica sobre as Farc acaba fazendo sombra às propostas dos candidatos a outros temas importantes, como a economia. Apesar do desemprego elevado (9,7%), a Colômbia vive um bom momento, com crescimento em torno de 4%. O PIB do país deve superar o da Argentina já no ano que vem, tornando a Colômbia a terceira maior economia latina, como lembra Borges.

“A condução da economia nos últimos anos traz popularidade para Juan Carlos Santos. É um país que vem crescendo com muito investimento americano e asiático. Mas apesar do crescimento econômico, os problemas sociais continuam muito sérios. A desigualdade é muito grande”, destaca.

O segundo turno das eleições colombianas está previsto para o dia 15 de junho. O mandato é de quatro anos.

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