Resultado das legislativas na Índia será divulgado nesta sexta
Publicado em:
Ouvir - 03:59
Com uma participação recorde de 551 milhões de eleitores, os indianos conhecerão nesta sexta-feira (16) os resultados oficiais das eleições legislativas que duraram cinco semanas e se encerraram na última segunda-feira (12).
Patricia Campos Mello, enviada da Folha de São Paulo a Nova Dhéli, especial para a RFI
Pesquisas de boca de urna indicam que o nacionalista hindu Narendra Modi, do Baratiya Janata Party (Partido do Povo Indiano), será o próximo primeiro-ministro da Índia, substituindo Manmohan Singh, do Partido do Congresso, da família Gandhi.Segundo os levantamentos, a Aliança Democrática Nacional (NDA), coalizão liderada por Modi, deve conquistar entre 249 e 290 dos 543 assentos na Lok Sabha, espécie de câmara de deputados indiana.
A coalizão do partido atualmente no poder, o do Congresso, deve ter entre 101 e 148, enquanto outras legendas devem conquistar entre 146 e 156 assentos. O partido que obtiver a maioria de 272, sozinho ou por meio de coalizões, escolhe o primeiro-ministro. Mas é importante dizer que a Índia tem um histórico de previsões erradas nas pesquisas de boca de urna, nas últimas duas eleições previa-se um resultado muito melhor para o BJP do que realmente foi.
Significado do resultado
Caso as previsões se confirmem, será o pior resultado da história para o partido do Congresso, que liderou a luta pela independência da Índia, em 1947, e ocupou o poder na maior parte do tempo desde então. Trata-se de um resultado melancólico para a dinastia Gandhi.
Sonia Gandhi é presidente do partido do Congresso. Ela é viúva do ex-primeiro-ministro Rajiv Gandhi, que era filho da ex-primeira ministra Indira Gandhi. Indira era filha do também primeiro-ministro Jawaharlal Nehru, considerado um dos fundadores da nação.
Motivos da insatisfação popular
Há uma insatisfação geral da população com o crescimento, que desacelerou nos últimos dois anos para abaixo de 5%, e a inflação, que chegou aos 8%. Além disso, há uma visão de que o partido do Congresso está imerso em escândalos de corrupção.
Rahul Gandhi, filho de Sonia que era o cotado para primeiro-ministro, não se interessava pela campanha, e por política em geral. Ele foi um candidato muito relutante. A mais carismática da família, que até lembra a avó Indira Gandhi, é a irmã de Rahul, Priyanka, que não entrou na política. Manmohan Singh, atual primeiro-minsitro, deixa o poder como um líder fraco.
Narendra Modi
Modi é apoiado maciçamente pela classe empresarial, que aprova as políticas de livre mercado adotadas por ele em Gujarat, onde é ministro-chefe, espécie de governador. Também tem o apoio e gera entusiasmo entre os eleitores hindus. Mas ele é rejeitado pela esquerda e especialmente pelos muçulmanos, minoria no país.
Modi governava o estado de Gujarat durante o massacre de 2002, que levou à morte mais de 1000 pessoas, na maioria muçulmanos. Modi, que veio do grupo extremista hindu Rashtriya Swayamsevak Sangh (RSS), foi acusado de ter incitado hindus à violência, enquanto a polícia assistia impassível ao assassinato de muçulmanos.
NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.
Me registro