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Linha Direta

Em plena crise, venezuelanos sofrem com falta de remédios

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Após a divulgação do relatório da ONG Human Rights Watch, alertando sobre a violação dos Direitos Humanos na Venezuela, o país vai receber a visita do representante diplomático do Vaticano. A violência durante os protestos havia dado uma trégua, mas a situação voltou a se agravar na quinta-feira (8), após a prisão de 243 manifestantes.  

Manifestantes protestam em 8 de maio contra a prisão de 243 manifestantes que estavam acampados em locais públicos de Caracas.
Manifestantes protestam em 8 de maio contra a prisão de 243 manifestantes que estavam acampados em locais públicos de Caracas. REUTERS/Carlos Garcia Rawlins
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Elianah Jorge, correspondente da RFI Brasil em Caracas

A situação voltou a ficar crítica no país, sobretudo após a morte de um policial, baleado na tarde desta quinta-feira (8) em Chacao, município opositor da Grande Caracas. Com ele, o número de mortes nos confrontos chega a 42. Outros três agentes de segurança ficaram feridos após o confronto com os que protestavam contra a prisão de 243 estudantes que estavam acampados em regiões da capital.

O desmantelamento dos chamados "acampamentos para a liberdade" aconteceu na madrugada de ontem quando as forças de segurança invadiram os quatro locais que os estudantes ocupavam de maneira pacífica. O ministro de Interior e Justiça, Miguel Rodriguez Torres, afirmou que nestes acampamentos foram encontrados drogas, armas e explosivos e que os manifestantes usavam a fachada de "estudantes em manifestação pacífica" para se esconder

Os jovens presos foram levados para a sede da Polícia Nacional Bolivariana e também para o Core 5, na base militar do Forte Tiuna, ambos aqui na capital. De acordo com o dirigente político José Gregório Faddoul, alguns dos estudantes levados dos acampamentos estão desaparecidos.

Articulações de paz

Com a ajuda da Unasul (União de Nações Sul-Americanas)  tiveram início os diálogos de paz entre governo e oposição.

Nos próximos dias estes diálogos receberão o apoio do representante diplomático do Vaticano, Pietro Parolin, que também vai trazer uma mensagem de paz do Papa Francisco. Parolin vai voltar à Venezuela, onde atuou como núncio apostólico durante quatro anos. A data da visita ainda não foi divulgada.O Vaticano sugeriu que, antes da viagem de Parolin, sejam nomeadas novas autoridades para o Conselho Nacional Eleitoral e para o Tribunal Supremo de Justiça. Em ambas as jurisdições, as autoridades estão com o mandato vencido e ainda não há previsão de quando serão substituídas.

A crise aqui na Venezuela começou em fevereiros deste ano, quando manifestante foram às ruas de algumas cidades para pedir a renúncia do preidente Nicolás Maduro, o sucessor de Hugo Chávez.

Opositor Leopoldo López

A audiência do líder da oposição Leopoldo López, detido há 80 dias, foi adiada sem uma justificativa concreta. López, dirigente do partido Voluntad Popular, foi levado nesta manhã (9) da prisão de Ramo Verde, onde está detido, para o Palácio de Justiça. Nesta audiência preliminar seria avaliado se as acusações feitas pela Procuradoria contra o opositor procedem ou não. López se entregou voluntariamente à justiça após receber acusações de associação de quadrilha, dano ao patrimônio público, incêndio e incitação pública.

Ao saber do adiamento da audiência, López declarou que a "justiça injusta se escondeu porque eles sabem que eu devo sair em liberdade". De acordo com as regras jurídicas locais, a audiência pode ser adiada quantas vezes for preciso.

Penúria de remédios

A dívida do governo com os fornecedores de remédios e de materiais médicos em geral está afetando profundamente este setor; e quem está sofrendo são os pacientes que precisam de medicamentos, a maioria deles importados, para continuar seus tratamentos.

Para dar uma ideia, a escassez de remédios chegou a 50% em março deste ano. A dívida do governo com os laboratórios supera os US$3 milhões e não há previsão de quando esta quantia será paga.

De acordo com a Federação Médica Venezuelana, 95% dos hospitais do país têm apenas 5% dos medicamentos necessários. Os pacientes mais afetados com o problema da escassez na área médica são os que estão em tratamento contra o câncer, os que fazem hemodiálise, as parturientes e os casos graves de emergência.

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