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Novo ministério francês é anunciado sob promessa de criar um governo “de combate”

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Depois do anúncio de Manuel Valls como o novo primeiro-ministro francês no início desta semana, o governo revelou ontem (2) sua nova equipe ministerial, sob a promessa dos socialistas de formar uma equipe "de combate". Um combate que deve se concentrar na recuperação econômica e na inversão da curva do desemprego - prioridades que François Hollande não conseguiu gerenciar nestes dois primeiros anos de presidência, resultando em uma forte impopularidade do governo socialista.

O primeiro-ministro Manuel Valls é o chefe da nova equipe ministerial francesa.
O primeiro-ministro Manuel Valls é o chefe da nova equipe ministerial francesa. REUTERS/Charles Platiau
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O governo de Manuel Valls conta ao todo com 16 ministros – uma equipe bem menor do que anterior que era integrada por 38 ministros. No entanto, vários deles só mudaram de pasta; apenas dois novos ministros não faziam parte do governo do ex-premiê Jean Marc Ayrault: François Rebsamen, que assume o ministério do Trabalho, do Emprego e do Diálogo Social, e Ségolène Royal, ex-candidata às eleições presidenciais de 2007 e ex-mulher de Hollande, nomeada ao ministério da Ecologia e Desenvolvimento Sustentável.

A grande surpresa da nova formação é a permanência Christiane Taubira. A ministra da Justiça teve vários conflitos com Manuel Valls no antigo governo, quando ele era responsável pelo ministério do Interior.

Os assuntos econômicos ficarão a cargo de Arnaud Montebourg, que assume as pastas de Economia, Recuperação produtiva e Economia Digital. Ele deve trabalhar em parceria com o novo ministro das Finanças e das Contas Públicas, Michel Sapin.

Pesos Pesados

O cientista político Bruno Cautrès, do Centro de Pesquisas Políticas da Sciences Po de Paris, acredita que o novo governo se apoia em pesos pesados do Partido Socialista, convocando Ségolène Royal, remanejando Arnaud Montebourg e mantendo Christiane Taubira – figuras muito populares da legenda. “Há esta mensagem que a situação econômica é tão grave que é necessário empreender uma espécie de guerra para manter os acordos econômicos na Europa e, ao mesmo tempo, lutar contra o desemprego na França. Por isso, existe a ideia de criar um governo ‘de combate’, que vai arregaçar as mangas e ir à luta”, analisa.

Mas apesar de a emblemática pasta de Economia ter ficado com Arnaud Montebourg, é Michel Sapin quem deve carregar as maiores responsabilidades da recuperação econômica francesa nos ministérios das Finanças e Contas Públicas. “Ele é amigo íntimo de François Hollande, que deposita muita confiança nele. É ele quem será encarregado dos assuntos econômicos mais sensíveis e em relação ao mercado e à comunidade financeira internacional. Montebourg tem o título de ministro da Economia, mas quem estará na linha de frente será Sapin”, aposta o economista Stéphane Witkowski.

Direita critica novo governo

Já há quem já duvide do êxito do novo governo antes mesmo do início de sua atuação. Representantes da direita e da extrema-direita francesa não pouparam críticas, especialmente contra a permanência da maioria dos ex-ministros – que contradiz a ideia de mudança prometida por Hollande.

O professor de História e Relações Internacionais da Universidade de Brasília, Estevão de Rezende Martins, aponta que a única transformação notável no novo governo é a ausência de representantes do partido Europa Ecologia Os Verdes (EELV), que se recusaram a participar de qualquer ministério proposto por Valls. “Eles ‘pularam fora’ para se afastar da impopularidade e dos fracassos de gestão do governo”, avalia.

Rezende Martins não acredita que a nova formação ministerial possa permanecer muito tempo no poder. “Há um deslizamento do entusiasmo de quando o governo socialista assumiu, em 2012 e a sensação de que a desordem se agravou desde então. Esse grupo não vai conseguir se manter ao tentar colocar essa ordem que já está atrasada de dois anos”, prevê.

Ausência dos ecologistas

De fato, para Cautrès, a ausência de representantes do partido ecologista pode fragilizar a nova formação. Por isso, deposita suas esperanças na nomeação dos secretários de Estado, prevista para a próxima semana. “Acredito que a nomeação dos secretários de Estado contará com a participação de personalidades da sociedade civil ou radicais da esquerda. Porque, para o governo, é importante mostrar que não ele é formado apenas por representantes socialistas”, diz.

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