Dois ícones de Paris, a torre Eiffel e a pirâmide do Louvre, estão de aniversário. A Dama de Ferro, a atração que mais recebe turistas na França, completa 125 anos na segunda-feira. Bem mais jovem, a pirâmide de vidro em frente ao museu mais visitado do planeta festeja 25 anos neste domingo.
Apesar de se estarem separadas por um século, os dois monumentos têm um ponto em comum: cada um no seu tempo, foram instalados sob forte polêmica e muita rejeição por parte da população. Fosse em 1889 ou 100 anos depois, os franceses julgaram que os dois projetos eram modernos demais para a cidade.
A torre Eiffel, construída para a Exposição Universal, deveria ser demolida, mas acabou conquistando os parisienses. E a pirâmide do Louvre nasceu para renovar o hall de entrada do museu. O projeto do arquiteto Ieoh Ming Pei sofreu resistência, mas hoje foi apropriado não só pelos franceses como pelos turistas – a frequentação no local quase triplicou depois da inauguração da obra.
“Eu me lembro muito bem, porque antes da pirâmide, não tinha nada ali. Era o Ministério de Finanças, e um lugar para estacionar e onde as pessoas faziam xixi à noite. Não era uma parte agradável de Paris”, relata urbanista Céline Sachs-Jeantel. “Durante muitos anos, houve pessoas contra e pessoas que adoravam a pirâmide. Eu sempre adorei, porque eu acho que a modernidade no meio do Louvre é algo que dá muita força para esse palácio do século 18. Mas tem muitas pessoas que não gostam, ainda hoje, por achar que é moderno demais.”
Além da modernização do espaço e a revitalização da região, a pirâmide facilitou o acesso aos acervos do museu. “Antes, quando você entrava no Louvre, você tinha que passar por todas as partes do museu até chegar na parte que você queria ver. Era um horror. A pirâmide permitiu uma entrada central e dali você pode ir direto para a arte islâmica, a napoleônica, a etrusca, etc”, observa.
Turistas adoram
Diante da torre Eiffel ou do Louvre, as polêmicas do passado parecem jamais ter existido. Encontrar um turista que se decepcione com os monumentos é missão quase impossível. “É uma coisa que só quem vê, sente. Você pode tentar retratar por fotos, com palavras, com textos, mas é só ao chegar que você consegue perceber o que realmente é Paris”, disse o santista Mateus Vicente Cruz, maravilhado diante do museu.
“Eu acho que deu uma boa modernização, e ficou muito mais bonito, além de mais aconhegante. Destoa mas eu acho que combina”, comenta a turista Carina Brito, de Natal. “Acho legal a mistura do antigo com o novo. E eu achei a torre Eiffel de arrepiar. É muito linda, deslumbrante.”
A bancária Raquel Mendes também sempre sonhou em conhecer os dois cartões postais de Paris. “Eera essa pirâmide que eu via nos meus sonhos quando eu iria para Paris. E depois a gente lê o Código Da Vinci, cheio de mistérios. Acho que ela combina com o Louvre, sim”, afirma. “Para mim, Paris é o Louvre e a torre Eiffel. Quando eu a vi, não consegui fechar o sorriso por nem um minuto.
Próxima polêmica já está em curso
Qando o assunto é arquitetura, Paris já provou que não tem medo das polêmicas. A mais recente delas é o projeto de construção de uma igreja ortodoxa contemporânea nas proximidades da torre Eiffel, o que para muitos arquitetos e urbanistas, como Céline Sachs-Jeantel, vai prejudicar a vista para a Dama de Ferro.
“Isso para mim é um choque. Vai haver perspectivas da cidade nas quais a igreja vai estar bem na frente da torre”, comenta. “Você vai ver primeiro a igreja e depois a torre. Como habitante de Paris, eu acho isso uma loucura.”
O projeto da igreja ortodoxa foi aprovado em janeiro, mas as obras ainda não têm data para começar.
NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.
Me registro