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Após derrota nas municipais, Hollande é pressionado a fazer reforma ministerial

A imprensa francesa é unânime nesta terça-feira. Após o péssimo desempenho do Partido Socialista no primeiro turno das eleições municipais de domingo passado, o presidente François Hollande não tem escolha: ele deve anunciar uma reforma ministerial, na opinião da maioria dos editorialistas.

Capa dos jornais franceses L'Humanité e Libération desta terça-feira, 25 de março de 2014.
Capa dos jornais franceses L'Humanité e Libération desta terça-feira, 25 de março de 2014.
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A manchete do Libération não podia ser mais explícita: Hollande, "depois dessa bofetada eleitoral, a única alternativa é fazer uma reforma ministerial". O jornal afirma que o governo tem uma popularidade nanica e recomenda ao líder socialista sinalizar com atos concretos, o mais rapidamente possível, que ouviu o recado enviado pelos eleitores nas urnas. A maioria dos socialistas não acredita que vá conseguir mobilizar seus eleitores para votar no segundo turno no domingo, e pede então ao presidente que ele dê sinais de que não é surdo.

Promessas traídas

O jornal comunista l'Humanité é o mais objetivo em sua análise. A esquerda perdeu as municipais porque Hollande e os dirigentes do PS negam, em uma espécie de cegueira, as verdadeiras razões da revolta dos eleitores. Hollande traiu muitas promessas de campanha, escreve o L'Humanité em primeira página, e decepcionou os eleitores de seu próprio partido. A sanção veio nas urnas, com um nível elevado de abstenção dos eleitores de esquerda ou o voto antirrepublicano na extrema-direita.

Cortes nos gastos públicos

O diário especializado em economia Les Echos entrevista o ministro do Trabalho, Michel Sapin. Ele afirma que apesar de os eleitores terem demonstrado que não aprovam a política econômica de Hollande, o governo vai continuar aplicando medidas de ajustes na economia. Sapin afirma que como economista e consciente dos problemas estruturais do país, Hollande não vai abrir mão de reduzir os gastos públicos em 50 bilhões de euros nos próximos três anos. O plano, ainda ineficaz no combate ao desemprego, é necessário para reduzir a dívida e o déficit público.

O jornal popular Le Parisien faz uma autópsia do "saco cheio eleitoral", expressão grafada na manchete do jornal. O Le Parisien ouviu eleitores que votaram na extrema-direita, no partido da Frente Nacional, e as motivações são variadas: vão desde uma reflexão identitária até o empobrecimento constante da classe trabalhadora industrial, que se sente abandonada pelos dois partidos tradicionais, o conservador UMP e o Partido Socialista.

O diário conservador Le Figaro informa que a ala mais à esquerda do PS está cada vez mais insatisfeita com Hollande. O primeiro-ministro Jean-Marc Ayrault foi encarregado de organizar o partido para enfrentar o segundo turno das municipais, mas ele é uma das personalidades mais contestadas pelos franceses por sua falta de carisma.
 

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