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Linha Direta

Dependência de gás russo complica aplicação de sanções contra Moscou

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Em um clima de tensão cada vez maior, líderes europeus se reúnem nesta quinta (20) e sexta-feira (21), em Bruxelas, para discutir uma resposta à anexação da Crimeia pela Rússia. O bloco europeu gostaria de impor uma sanção forte a Moscou, mas esbarra na dependência do gás russo.

O ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, e a chanceler alemã, Angela Merkel.
O ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, e a chanceler alemã, Angela Merkel. REUTERS/Fabrizio Bensch
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Durante o encontro em Bruxelas, o bloco europeu deve aprovar uma resposta “crível” à anexação da Crimeia pela Rússia e aplicar novas sanções contra Moscou. Outro objetivo do encontro é o de tentar encontrar alternativas para a dependência do gás russo.

Um terço do gás consumido na Europa vem da Rússia e grande parte passa pela Ucrânia. Por esse motivo, está na agenda dos líderes europeus a discussão sobre como diminuir a dependência em relação à gigante Gazprom. Todos os meses, a Europa deposita cerca de 3,5 bilhões de euros (R$ 11,3 bilhões) na conta da empresa russa. Como neste ano o inverno foi mais ameno e o período de temperaturas mais frias já está no fim, a necessidade de gás é menor, o que facilitaria a negociação.

A procura por alternativas ao setor energético russo será uma resposta direta à integração da península da Crimeia na Rússia. Vale lembrar que a União Europeia é o principal parceiro da Rússia em termos econômico, de investimento e de comércio. As trocas comerciais entre os dois lados movimenta cerca de 335 bilhões de euros (R$ 1 trilhão) por ano.

Reações

Logo após o resultado do referendo, no último domingo, a União Europeia afirmou que não reconhece nem nunca reconhecerá a anexação da Crimeia à Rússia. A pressão de Bruxelas deve certamente aumentar depois que o presidente russo, Vladimir Putin, formalizou a integração da península à Federação Russa.

É provável que os dirigentes europeus concordem em impôr novas sanções, que devem incluir a imposição de restrições comerciais e financeiras, além de aumentar a lista de políticos russos e ucranianos pró-Rússia que serão submetidos à restrições de vistos e terão os bens congelados. Os líderes do bloco devem ainda suspender a reunião de Cúpula UE-Rússia, marcada para junho, em Sotchi.

Consenso difícil

França e Alemanha são a favor das sanções, mas a Grã-Bretanha parece estar mais reticente. Quanto mais distante geograficamente um país do bloco se encontra do epicentro da crise menos interesse ele tem em impôr sanções à Rússia. Os países que fazem fronteira com a Ucrânia, como é o caso da Polônia, Hungria e Romênia, além das ex-repúblicas soviéticas que viveram décadas sob o poder do Kremlin, estão bastante preocupados com a rápida escalada da crise.

Vale lembrar que a posição da Alemanha é crucial. Não só porque é o maior e mais influente país do bloco, mas, também, porque existe um intenso comércio bilateral com a Rússia, além de sua chanceler, Angela Merkel, ter um canal direto com Putin.

 

*Ouça a análise completa da correspondente em Bruxelas, Letícia Fonseca, clicando acima.

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