Conselho de Segurança se reúne para discutir crise ucraniana
Os membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas organizam uma reunião de urgência neste sábado (15) para discutir a crise na Ucrânia e o referendo na região da Crimeia, previsto para domingo. O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, se encontrou em Londres com o chanceler russo, Serguei Lavrov, para uma última tentativa de acordo com Moscou, mas os dois diplomatas não chegaram a um consenso.
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O Conselho de Segurança da ONU deve se reunir em Nova York neste sábado, às 11h (horário local). O encontro tem como objetivo denunciar o referendo de domingo sobre a anexação da região ucraniana da Crimeia à Rússia, um voto contestado pela comunidade internacional.
No entanto, a reunião deve contar com a resistência de Moscou, que apoia o referendo ucraniano. A incógnita por enquanto é a posição da China, que geralmente se alinha aos russos no Conselho de Segurança, como no caso da crise síria. Porém, Pequim defende a não-ingerência e o respeito da integridade territorial.
O texto de uma possível resolução reafirma que o referendo da Crimeia não terá nenhuma validade e pede que todos os Estados membros rejeitem o resultado do voto de domingo. No entanto, o documento teria sido atenuado, excluindo menções diretas ao papel de Moscou na crise ucraniana e não pede explicitamente a retirada das forças russas da península. A medida teria como objetivo conquistar a abstenção dos chineses e confirmar o isolamento da Rússia no processo.
Encontro da última chance
Washington e Moscou não têm uma “visão comum” sobre a Ucrânia, avaliou nesta sexta-feira (14), o ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, após encontro em Londres com o secretário de Estado norte-americano, John Kerry. Um dos sinais dessa falta de acordo foi o fato de os dois chanceleres terem falado com a imprensa em entrevistas coletivas separadas.
Diante dos jornalistas, Lavrov declarou que Moscou vai “respeitar” o resultado do referendo no domingo sobre a adesão da Crimeia à Rússia. Já Kerry qualificou a reunião com Lavrov como “muito direta, muito franca”. Sobre o referendo, ele disse que “nem os Estados Unidos, nem a comunidade internacional vão reconhecer os resultados”. E se o referendo acontecer mesmo, o secretário de Estado afirmou que vai haver sanções e respostas de algum tipo. “Queremos ver ações e não palavras de que a Rússia está diminuindo sua presença na Ucrânia”, disse Kerry.
Donetsk
Respondendo a uma pergunta sobre incidentes em Donetsk, leste da Ucrânia, o chanceler russo assegurou ainda que Moscou não tem “intenção de invadir o sudeste da Ucrânia”. Um jovem manifestante pró-Kiev foi morto a facadas em um confronto durante dois protestos rivais, na última noite, na cidade industrial pró-Rússia. Foi a primeira morte de um manifestante depois dos violentos protestos em Kiev, em fevereiro passado.
Lavrov afirmou ainda que “a Crimeia tem muito mais importância para a Rússia do que as Malvinas para o Reino Unido ou as ilhas Comores para a França”. As declarações do chanceler parecem amenizar as ameaças veladas de intervenção feitas horas antes por seu ministério em Moscou, enquanto tropas russas efetuavam vastas manobras militares perto da fronteira com a Ucrânia.
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