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Linha Direta

Moradores da Crimeia realizam sonho de voltar a pertencer à Rússia

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Andrei Netto, enviado especial do jornal "O Estado de S.Paulo" a Simferopol, na Crimeia, relata que os moradores desta região autônoma da Ucrânia aceitam com naturalidade a presença de 16 mil soldados russos na região. A maioria da população local quer aproveitar a crise política da Ucrânia para realizar o sonho, ao mesmo tempo político, econômico e cultural, de fazer parte da Rússia, país que considera sua pátria-mãe. Clique acima para ouvir mais informações do correspondente.

Pró-russos manifestam em Simferopol, 6 de março de 2014.
Pró-russos manifestam em Simferopol, 6 de março de 2014. REUTERS/Vasily Fedosenko
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O parlamento da República da Crimeia, a região mais autônoma das 25 que compõem a Ucrânia, aprovou por unanimidade nesta quinta-feira (6) a secessão do país e solicitou à Rússia de Vladimir Putin que seu território seja anexado pelo país vizinho. A decisão foi mais um evento importante da grave crise política que a Ucrânia atravessa – crise agravada pelo presidente russo, que há uma semana reforçou seus efetivos militares no país, invadindo a Crimeia com 16 mil homens, segundo observadores das Nações Unidas.

Os parlamentares da Crimeia sabem que não podem simplesmente decidir ser independentes sem que haja um grande consenso nacional e até internacional, como o apoio da ONU a essa iniciativa, mas optaram por uma manobra política para deixar claro o desejo de anexação à Rússia. A decisão também serviu como um sinal enviado à comunidade internacional.

Tropas russas são aceitas com passividade

Em meio à crise que a Ucrânia vive há mais de três meses, que teve como ápice a queda do presidente Viktor Yanukovich, muitos habitantes da Crimeia decidiram aproveitar essa oportunidade para realizar o sonho de voltar a fazer parte da Rússia. Cabe lembrar que a península do Mar Negro na qual a república autônoma está situada era território russo até 1954 e foi cedida simbolicamente pela União Soviética à Ucrânia, que na época não era independente. Ou seja, deste lado da fronteira, fala-se russo e se tem um forte sentimento de pertencimento à Rússia.

Em Simferopol e Sebastopol, as duas principais cidades da região, reina uma certa passividade. Ontem, centenas de pessoas se reuniram em frente ao parlamento de Simferopol e outras tantas em frente à administração regional de Sebastopol para manifestar seu apoio à decisão dos deputados e pedir a anexação da Crimeia à Rússia. Nas ruas, muitas pessoas carregam bandeiras da Rússia com entusiasmo, e não se vê bandeiras azuis e amarelas da Ucrânia. Mas as mobilizações não são de massa, ao contrário do que aconteceu em Kiev a favor do afastamento da Ucrânia em relação a Moscou.

A região da Crimeia tem cerca de 2 milhões de habitantes e são poucas centenas que vêm se reunindo. O que parece claro é que essas centenas de pessoas estão determinadas a aproveitar a crise política da Ucrânia para realizar o sonho, ao mesmo tempo político, econômico e cultural, de fazer parte da Rússia, país que consideram sua pátria-mãe.

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