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França

Em greve, parteiras francesas querem ser integradas à classe médica

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Há mais de quatro meses, as parteiras – chamadas na França de “sages femmes” – estão em greve e protestam pela valorização e reconhecimento de sua profissão. As funções chamadas “hospitalares” são exercidas na França por médicos, dentistas e farmacêuticos que têm direito de diagnosticar doenças, prescrever tratamentos e medicamentos. Já as parteiras, cuja formação compreende cinco anos des estudos superiores, e que trabalham em parceria com ginecologistas e obstetras nos hospitais públicos, não têm autonomia para exercer suas funções sem o acompanhamento e a autorização dos médicos.

Parteiras protestam há quatro meses pelo reconhecimento de suas funções médicas nos hospitais públicos franceses.
Parteiras protestam há quatro meses pelo reconhecimento de suas funções médicas nos hospitais públicos franceses. Flickr/ Creative Commons
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Uma queda de braço entre a Organização Nacional dos Sindicatos das Sages Femmes (ONSSF) e o governo francês já dura vários meses, e resultou no anúncio da criação de uma posição médica especial para as parteiras dentro do funcionalismo público na terça-feira (4). O plano da ministra francesa da Saúde, Marisol Touraine, foi elogiado pelo órgão que reúne os principais sindicatos do país, que acredita que a inserção das parteiras no funcionalismo público protege seus direitos.

Por outro lado, a proposta gerou uma forte indignação de outro grupo, o Coletivo das Parteiras, que luta pela inserção da função na classe médica. "A ministra da saúde quer nos convencer que ela nos concedeu o status médico que desejávamos, mas o que ela fez foi criar uma classe dentro dos estabelecimentos públicos de saúde que serve apenas para as parteiras. Os médicos foram os primeiros a dizer que não aceitam estar no mesmo patamar que nós. Então não aceitamos a proposta de sermos classificadas à parte", explica a porta-voz do Coletivo das Parteiras, Caroline Raquin.

Coletivo radical

Contra o Coletivo das Parteiras estão uma série de sindicatos médicos que acreditam que a emancipação de suas colegas pode "desorganizar as maternidades".

A vice-presidente do Sindicato Nacional dos Ginecologistas e Obstetras da França, Pascale Le Pors-Lemoine, pensa que as exigências do grupo são muito radicais. "O Coletivo quis mostrar que falta reconhecimento sobre o trabalho das parteiras, e elas realmente o merecem. Mas, fora disso, querer tratar os pacientes... Acho que este grupo tem pedidos um tanto extremos e que não estão de acordo com a vontade da maioria das sage femmes francesas”, estima.

Greve continua

Além da criação de uma nova classe médica para as parteiras, o plano do Ministério da Saúde francês também propõe mais responsabilidades para estes profissionais, um aumento de salário e uma campanha de comunicação a fim de ressaltar a importância desta profissão para a saúde da mulher. Mas nada disso é mais importante do que a autonomia profissional, lembra a porta-voz do Coletivo.

Caroline Raquin ressalta que greve da categoria continua, junto à luta pelo reconhecimento do status desta profissão que trabalha há mais de 200 anos nos hospitais públicos franceses. "Somos nós que fazemos os partos, nós que acolhemos as grávidas e cuidamos delas. Se o governo nos tirasse da função pública e nos colocasse no mesmo patamar dos médicos, nós teríamos mais autonomia para discutir de igual para igual com eles sobre a saúde das mulheres”, diz.

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