Nesta quarta-feira (5), teve início a sessão anual da Assembleia Popular chinesa, principal órgão legislativo do país, onde importantes medidas devem ser examinadas pelos deputados. Um dos principais anúncios já realizados essa manhã pelo primeiro ministro chinês, Li Keqiang, foi o orçamento da segunda maior economia do mundo para esse ano, que é marcado por um aumento de 12,2% para a pasta da defesa. O governo chinês também reafirmou no discurso de abertura desse importante mecanismo político, controlado pelo Partido Comunista Chinês, a intenção de consolidar uma nova fase de abertura econômica no país, facilitando a entrada de capital privado em projetos estatais.
Na sessão inaugural da 12ª Assembleia Popular Chinesa, que começou nesta quarta-feira às 9 horas do horário local, no Grande Palácio do Povo, em Pequim, o primeiro ministro chinês, Li Keqiang, apresentou um relatório sobre as ações do governo. Os cerca de 3 mil deputados, eleitos em 2013 para um mandato de cinco anos, examinam as propostas e deliberam sobre medidas para o desenvolvimento social e econômico do país. Segundo o jornal South China Mornig Post, os únicos sinais de incidentes registrados nesse primeiro dia foram uma fumaça branca e espuma deixada por extintores de incêndio na manhã desta quarta-feira na praça Tiananmen, protegida por um reforçado esquema de segurança durante a Assembleia.
China deve crescer 7,5% em 2014
Entre as principais medidas anunciadas estão a previsão de crescimento de 7,5% este ano para Produto Interno Bruto (PIB) chinês, a criação de mais 10 milhões de empregos urbanos para não deixar que a taxa de desemprego ultrapasse 4,6 %, a continuidade de uma política fiscal classificada de proativa e de uma política monetária dita prudente. Já o déficit orçamentário do governo para este ano deve ser de 218 bilhões de dólares, o equivalente a 2,1% do PIB do país.
O governo chinês confirma sua vontade de continuar reformas em áreas importantes, dando início a uma nova fase de abertura econômica. Também durante essa primeira sessão da Assembleia, Pequim reforçou que vai facilitar a participação de capital privado em projetos estatais de energia, transporte e telecomunicações e igualmente no sistema bancário. Foi mencionada a vontade de modernizar a agricultura e de fazer esforços em relação a políticas públicas em defesa do meio ambiente.
Os integrantes do Comitê Nacional da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês também acompanharam essa sessão inaugural da Assembleia Popular. Esse outro importante mecanismo político chinês de consulta iniciou sua sessão anual na segunda-feira. A Conferência Consultiva é formada por representantes de partidos democráticos, organizações populares, minorias étnicas, órgãos dos setores sociais e igualmente representantes de Taiwan, Hong Kong e Macau, sob a direção do Partido Comunista Chinês.
Homenagem às vítimas de ataque do último sábado
Também nesse primeiro dia de reunião da Assembleia, principal órgão legislativo chinês, foi realizado um minuto de silêncio em homenagem às 29 vítimas do ataque ocorrido no sábado passado na estação de trem de Kunming, capital da província do Yunan, e classificado como terrorista pelas autoridades locais. A ação executada poucos dias antes desses dois importantes eventos políticos por 6 homens e 2 mulheres armados com facas foi atribuída aos separatistas da região de Xinjiang, no noroeste do país, que concentram uma grande população de Uigures, minoria muçulmana e de língua turca. Ao todo, 143 pessoas foram feridas e 20 continuam em estado crítico, segundo a agência chinesa de informação.
A segurança foi reforçada em seguida na estação de Kunming e também no aeroporto internacional da cidade. O ataque foi formalmente condenado pelos 15 membros do Conselho de Segurança da ONU.
A organização Repórter sem Fronteiras denunciou nesta terça-feira a censura que vem exercendo o governo chinês sobre esse episódio. Uma mensagem enviada pelo Conselho de Estado de Informação exige que os jornalistas que cobrem o caso se detenham à versão divulgada pela Xinhua, agência de informação oficial chinesa, ou por autoridades locais.
China deve concentrar esforços na garantia da segurança interna
Depois do ocorrido, a segurança interna ganhou força dentro das prioridades do governo que terá certamente que avaliar a política adotada para conter movimentos separatistas dentro do país. Nesta quarta-feira, foi anunciado pelo ministério de Finanças o aumento do orçamento de defesa desse ano em 12,2%, chegando a um total de 96 bilhões de euros. A China tem o segundo maior orçamento de defesa do mundo depois do americano.
Durante a reunião da Assembleia, a porta-voz Fu Ying afirmou que o aumento da despesa militar do país tem unicamente objetivo de defesa, mas que se alguns países quiserem desafiar a segurança regional, a China responderá. A decisão visa reforçar os gastos com o exército demostrando a crescente ambição militar do país, atualmente envolvido em disputas territoriais marítimas com vizinhos, sobretudo com o Japão.
Clique acima para ouvir o Linha Direta com a correspondente da RFI na China, Luiza Duarte
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