Prisão do narcotraficante "El Chapo" pode aumentar violência no México
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A captura de um dos narcotraficantes mexicanos mais procurados pela Interpol, Joaquín Guzmán, conhecido como "El Chapo", é um trunfo midiático para o presidente Enrique Peña Nieto, que cumpre assim uma promessa de campanha com pouco mais de um ano de governo. O criminoso é responsável pelo envio de milhares de toneladas de drogas anualmente aos Estados Unidos, Europa, Ásia e América Latina.
Fernanda Brambilla, correspondente da RFI no México
Joaquín "Chapo" Guzmán era apontado como o principal fornecedor de cocaína e responsável por mais da metade da maconha enviada ao vizinho americano, em uma movimentação de US$30 milhões entre aquele país e o México. Foragido desde 2001, "El Chapo" é um nome envolto em folclore. A notícia de sua prisão causou furor nas redes sociais e ganhou repercussão internacional.
Fernanda Brambilla, correspondente na Cidade do México, explica que o governo norte-americano já pediu, no domingo (23) a extradição do traficante, enquanto os aliados do criminoso enviavam ameaças de retaliação via Twitter.
A jornalista analisa que com a saída do "El Chapo" não se espera nenhum grande desmantelamento do cartel de Sinaloa, pois trata-se de uma organização muito complexa e que deve seguir comandando normalmente as suas operações. "Mas a prisão do chefe não deixa de ser um golpe simbólico e estimula cartéis menores a entrar em combate direto na região, o que pode provocar uma onda de violência no Estado, e esse é o grande temor da população local", diz Fernanda.
Um dos prováveis adversários são os "Cavaleiros Templários", por exemplo, que por anos controlavam o estado de Michoacán, até que o exército interveio no local. Outro cartel mundialmente famoso pelo uso extremo da violência é "Los Zetas", que também pode entrar nessa briga. "Vale lembrar que o próprio "El Chapo" não era nenhum conciliador. Quando a guerra contra o tráfico explodiu no México, em 2006, líderes dos principais cartéis chegaram a estudar um pacto de não-agressão, já que o governo era um inimigo comum. Ele se negou a aceitar e por isso é apontado também como um dos grandes responsáveis pela onda de assassinatos dos anos seguintes", informa Fernanda Brambilla..
Quem é "El Chapo"
Aos 56 anos, "El Chapo" é considerado o grande estrategista entre os líderes de cartéis de drogas, o "capo" mais influente e, segundo a DEA, a agência antidrogas dos Estados Unidos, o traficante mais importante da história. De acordo com o órgão americano, "El Chapo" é ainda mais perigoso do que o mítico colombiano Pablo Escobar, morto nos anos 90, devido justamente à versatilidade de sua produção, que inclui exportação de cocaína, maconha, heroína e drogas sintéticas como, por exemplo, a metanfetamina.
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