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Brasil/Inflação

Custo de vida no Brasil é um dos mais altos do mundo, dizem jornais franceses

"Brasil, o país onde o custa de vida é mais alto", diz o título de uma reportagem publicada nesta segunda-feira (24) pelo jornal Le Monde. O correspondente do diário francês diz que a abertura da primeira loja da Apple no país confirma que "o gigante latino-americano é o campeão dos preços altos e dos impostos". Já Libération enfoca os protestos bem-humorados dos consumidores brasileiros contra a alta dos preços.

Foto postada na página do Facebook Rio $urreal.
Foto postada na página do Facebook Rio $urreal. Rio $urreal - NÃO PAGUE
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Nicolas Bourcier, correspondente do jornal Le Monde, aponta que o iphone 5s vendido na primeira loja da Apple no Brasil, inaugurada no dia 15 de fevereiro no Rio de Janeiro, é o mais caro do mundo, com um preço equivalente a 868 euros. Nos Estados Unidos o mesmo produto é vendido por quase metade desse valor.

Apesar dos altos preços dos aparelhos e das tarifas de comunicação entre as mais caras do mundo, o diário afirma que o Brasil é um dos maiores mercados internacionais de smartphones, com quase 50 milhões de usuários.

"Os carros e eletrodomésticos custam pelo menos 50% mais do que nos outros países", revela o texto, que dá uma série de exemplos para mostrar o quanto o custo de vida aumentou no Brasil nos últimos anos. Le Monde diz que isso é ainda mais surpreendente "quando se comparam esses dados com o salário médio de um brasileiro".

O jornal questiona sobre as razões da alta dos preços. "Durante anos, a supervalorização da moeda foi apontada como culpada por ter fragilizado a indústria e os produtores locais", diz o texto. Mas Le Monde aponta que o problema é mais profundo: o país sofre com "uma falta de reformas estruturais", com "um grande déficit de infraestrutura" aliado a um "sistema fiscal de um peso abissal".

"Com 58% de impostos sobre os salários, o país chega bem na frente na escala fiscal das maiores nações do planeta. E a 36% do PIB, o peso dos impostos é de longe o mais importante em comparação com os outros países emergentes", detalha o correspondente do jornal francês.

Le Monde também explica aos franceses o que é o famigerado custo Brasil: "complexidade dos procedimentos burocráticos, lentidão dos sistemas de distribuição e de transportes, serviços públicos inadequados, corrupção endêmica".

O diário conclui dizendo que, marcados pelas diversas ondas de hiperinflação que o país viveu em sua história recente, os consumidores brasileiros não ficam alarmados com a alta dos preços, "ao menos enquanto o cartão de crédito permitir o pagamento parcelado sem juros".

Surreal

O progressista Libération publica em sua edição desta segunda-feira (24) uma reportagem sobre a alta dos preços no Rio de Janeiro, que abrigará este ano jogos da Copa do Mundo e sediará as Olimpíadas em 2016.

O custo de vida subiu muito acima da inflação, explica a repórter Aglaé de Chalus, que descreve como o consumidores inventaram maneiras bem-humoradas de protestar.

Uma delas é denunciar os estabelecimentos que cobram preços abusivos na página Rio $urreal no Facebook, que em um mês reuniu mais de 200 mil curtidas. Uma fotomontagem de notas de real com a efígie de Salvador Dalí apresenta a nova moeda carioca, o "surreal".

A repórter entrevistou alguns fãs da página, que se cansaram de ver seu poder aquisitivo cair e decidiram boicotar os preços exorbitantes.

Um outro exemplo de protesto bem-humorado é a organização de "isoporzinhos", eventos em que os cariocas levam a própria cerveja em caixas de isopor para pontos da cidade onde os preços praticados pelos bares subiram de maneira desproporcional. A moda se espalhou até para outras capitais do Brasil onde a alta dos preços também se faz sentir.

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