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Movimento em defesa da família França se inspira no Tea Party

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O grupo Manif pour Tous (manifestação para todos), que esteve na origem das passaetas contra a aprovação do casamento gay na França, voltou a protestar no domingo. Com uma agenda ampla de reivindicações, o grupo se inspira no Tea Party Republicano, segundo analistas ouvidos pela RFI.

Fotomontagem de manifestações do Tea Party (esq) e da Manif pour Tous (dir).
Fotomontagem de manifestações do Tea Party (esq) e da Manif pour Tous (dir). REUTERS/Brian Snyder/ Benoit Tessier
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Neste domingo, os manifestantes foram às ruas da França não apenas em defesa da família tradicional, mas, também, contra a política fiscal e econômica do governo do presidente François Hollande. Será esse o sintoma que o movimento se aproxima cada vez mais do Tea Party? Nos Estados Unidos, essa ala ultra-direitista conseguiu ditar a agenda do Partido Republicano. Na França, a Manif Pour Tous ainda não é tão influente, mas já incomoda o governo socialista. Diante das passeatas de domingo, o governo acabou adiando a apresentação do projeto de lei sobre a família.

Para analistas, esse é um dos indícios que a  agenda conservadora do grupo se aproxima cada vez mais dos seus pares norte-americanos, como explica Amélie Godet, autora do livro "O Tea Party" a professora da Universidade Paris Diderot. "Com a entrada das questões fiscais na retórica do movimento, temos uma convergência maior entre a Manif Pour Tous e o Tea Party. Hoje, a crítica também ultrapassa a mera oposição a um governo socialista, já que vemos também um discurso contra o Estado", avaliou.

Pascal de Lima, economista do Instituto de Ciências Políticas de Paris, também pondera que a comparção entre os dois movimentos é pertinente. "O Tea Party assim como a Manif pour Tous se apoiam nas dificuldades econômicas dos seus países. (...) E uma incapacidade total de dar uma alternatina em matéria de política econômica", considerou.

A especialista em política americana, porém, destaca as divergências entre os dois movimentos. Elas são visíveis, sobretudo, quando se trata de incorporar a contestação social desse movimento conservador à pauta dos partidos políticos tradicionais. "A Frente Nacional [extrema-direita], por exemplo, não se apropriou do movimento e, no UMP [direita], o que prevalece é a prudência. Eles não as desprezam, mas não sabem exatamente o que fazer e mantém a cautela. Diferentemente do Partido Republicano americano que, rapidamente, a se apropriar da agenda do Tea Party".

A cautela dos políticos franceses também pode ser explicada pelas magras conquistas do Partido Republicano. Mesmo se aliando aos membros do Tea Party, o partido não conseguiu vencer a presidencial e o democrata Barack Obama permaneceu no poder. "Tendo em vista a experiência, os políticos francesas desconfiam dessa aproximação [com a Manuf pour Tous]. E na França, também, as elites políticas são menos abertas à apropriação de temas oriundos de movimentos sociais", destacou.

Rejeição aos rótulos

 O próprio ministro do Interior, Manuel Valls, fez um paralelo entre o Tea Party e a Manifestação para Todos na França. Para ele, os manifestantes que contestam a igualdade de direito para os homossexuais, por exemplo representam forças "reacionárias. A crítica do ministro é rejeitada por Albéric Dumont co-fundador e coordenador-geral da Manifestação para Todos.

"Nossos simpatizantes se sentiram menosprezados pelos comentários do ministro do Interior. Mas nós provamos que somos pacíficos. Por isso, não partilho essa análise do ministro. Nossa associação é um grande movimento popular a serviço da família e não uma associação reacionária e obscurantista", declarou.

Projeto eleitoral

Atualmente, nos Estados Unidos, 40% dos Rebublicanos se dizem alinhados com as ideias do Tea Party que tem entre os nomes de destaque, Sarah Pallin, ex-candidata à vice-presidência dos Estados Unidos. O coordenador-geral da Manifestação para Todos rejeita o rótulo de ultra-conservador e as comparações com o movimento norte-americano, mas não esconde as ambições políticas do grupo.

"Não organizamos listas eleitorais com nosso nome Manif Pour Tous, mas encorajamos nossos simpatizantes e militantes a se engarajem na política em caráter pessoal para defenderem nossos valores em todos os lugares onde a sociadede civil é representada".

 

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