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Conferência para a Síria discute solução política para o conflito

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Começou nesta quarta-feira (22) em Montreux, na Suíça, a Conferência para a Síria. O encontro reunirá membros de mais de 26 países, entre eles o Brasil, além do CNS, a Coalizão Nacional da Oposição Síria, e representantes do regime.

Paulo Sérgio Pinheiro, coordenador da Comissão da ONU que investiga os casos de violações de direitos humanos na guerra na Síria
Paulo Sérgio Pinheiro, coordenador da Comissão da ONU que investiga os casos de violações de direitos humanos na guerra na Síria Marcelo Camargo/Abr
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A Conferência visa dar início ao processo de transição do poder no país, obtendo uma solução política para o conflito que já deixou mais de 130 mil mortos em quase três anos.

A Síria também se tornou um celeiro de grupos radicais, alguns ligados à Al Qaeda, o que é motivo de preocupação para as potências ocidentais.

As discussões prometem ser acirradas, já que os dois principais atores divergem numa questão essencial : a oposição exige a saída do presidente Bashar al-Assad, que já anunciou que tentará a reeleição, e insiste na retórica da luta contra o terrorismo para dar continuidade à violenta repressão que destroi o país.

Para o brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro, presidente da comissão criada pela ONU para investigar as violações dos direitos humanos na guerra da Síria, a dificuldade de se obter um consenso é esperada, mas há pontos positivos que devem ser ressaltados.

Um deles, diz o brasileiro, é a decisão da oposição de participar do encontro e do processo de transição, apesar das divergências. Outra evolução é o consenso entre os Estados Unidos e a Rússia de que é necessário colocar um ponto final na guerra, em razão do perigo que ela representa.

Acordo entre Estados Unidos e Rússia afastou intervenção militar

A intervenção militar, que quase ocorreu em 2013, acabou sendo descartada depois do acordo obtido entre os Estados Unidos e a Rússia no ano passado.

Os russos convenceram o governo sírio a desmantelar seu arsenal químico, utilizado contra a população em ataques registrados em agosto de 2013, que levaram os ocidentais a darem um ultimato no regime.

"Não será um encontro mágico, onde todos se reúnem dois dias e tudo fica resolvido. É um longo processo, que será difícil, mas de qualquer maneira marca o começo de uma nova dinâmica", lembrou Pinheiro.

Segundo ele, o fato de o regime sírio enviar uma grande delegação à conferência também mostra que a retomada das negociações é viável, apesar das recentes declarações de Assad.

“Todas as declarações fazem parte do posicionamento das diversas partes em conflito, para mim não é nenhuma surpresa”, diz.

Discussões da Conferência devem ser mais acirradas no segundo dia, em Genebra

A Conferência deverá durar no mínimo dois dias. No primeiro, em Montreux, os países participantes tomarão conhecimento dos temas que serão debatidos com a oposição e o regime, o que deve ocorrer na quinta-feira, em Genebra.

“Mas essas discussões vão se estender por muito tempo. Provavelmente haverá comissões especializadas para debater aspectos ligados a uma implementação do memorando da reunião em Genebra em junho de 2012, que é a base da Conferência”, explica Pinheiro.

O Brasil enviará o embaixador Eduardo Santos, secretário-geral do Itamaraty. Inicialmente, o país seria representado pelo chanceler Luiz Alberto Figueiredo, mas ele estará acompanhando a presidente Dilma Rousseff ao Fórum Econômico de Davos, que começou nesta terça-feira na Suíça.

"O Brasil tem a maior população síria em diáspora depois dos países árabes", lembra Pinheiro, e "cerca de 3 mil sírios possuem passaporte brasileiro." A presença da comunidade síria na vida política e econômica do país, lembra o presidente da Comissão, justifica a participação do Brasil, que sempre se opôs a qualquer solução militar.

ONU cancela convite ao Irã

O Irã, aliado de Bashar al-Assad, chegou a ser convidado pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki Moon, mas não se dispôs a apoiar antecipadamente o acordo para a transição do poder na Síria, como exigem os Estados Unidos, a França e o Reino Unido.

Nesta segunda-feira, a Coalizão Nacional Síria ameaçou cancelar sua participação se o Irã estivesse presente, o que obrigou a ONU a voltar atrás, criando uma saia-justa com os iranianos. O governo iraniano lamentou a decisão, e disse que, sem o país, será difícil obter "uma verdadeira solução."

 

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