Acessar o conteúdo principal
França/Imprensa

Venda da Peugeot Citroën para chineses estampa manchetes na França

A provável compra conjunta da montadora PSA Peugeot Citroën pelo Estado francês em parceria com a chinesa Dongfeng estampa as capas de quase todos os jornais franceses desta terça-feira. O outro assunto em destaque é o "pacto de responsabilidade", que François Hollande deve negociar hoje com as grandes empresas e sindicatos do país: um acordo histórico, que condicionaria 30 bilhões de euros em isenções fiscais à criação de um milhão de empregos.

A fachada da sede histórica da Peugeot em Paris: medo de debandada para a China
A fachada da sede histórica da Peugeot em Paris: medo de debandada para a China
Publicidade

A venda do controle acionário da PSA Peugeot Citroën ao Estado francês, em parceria com a montadora chinesa Dongfeng, é bem-vista pela maior parte da imprensa. Enquanto impera o medo de que a França perca o controle de sua principal montadora, Le Figaro adota uma postura realista: a PSA vai mal das pernas em todos os cantos do mundo. Menos na China, onde se desenvolve a passos largos. E sua única porta de capitalização é justamente a que foi aberta pela Dongfeng. O pior cenário, para o jornal de inclinação liberal, seria que o "intervencionismo do Estado", que é coacionista no negócio, "travasse o futuro do grupo".

O diário econômico Les Echos também elogia o acordo, que tirará a família Peugeot do comando da empresa: "Nós temos a tecnologia e as marcas", diz em editorial, "e para a China, sobram clientes e capitais. Uma aliança construtiva com Pequim não só é possível como desejável".

O jornal comunista L'Humanité pondera que "o interesse da montadora chinesa será desenvolver a produção local e dominar a tecnologia da PSA para diversificá-la de acordo com seu mercado interno". Essa política, "juntamente com o risco de uma redução persistente da demanda na França e na Europa", ainda sob o impacto de planos de austeridade econômica, "pode empurrar a PSA inexoravelmente em direção à China".

Gregos e troianos com Hollande
Funcione ou não, o "pacto de responsabilidade" de François Hollande começou com o pé direito. E o esquerdo. Não que não haja dúvidas sobre suas possibilidades de aplicação. Como descreve a matéria do Libération, os empresários temem assumir um compromisso fechado de criação de empregos em tempos de crise. E os sindicatos acham que, sem esse compromisso, a isenção fiscal é um tiro n'água.

Mas dessa vez, o ceticismo não é a palavra de ordem. Até o conservador Le Figaro, ferrenho opositor do presidente socialista, elogiou a ousadia do governo e a inegável virada no discurso, em direção à redução - e não ao aumento - de impostos para o setor empresarial. Mas Le Figaro não seria Le Figaro se não alfinetasse logo na capa: "Mas de onde virá o dinheiro prometidos por Hollande?" O jornal não se aventura a responder.

O Libération também exalta o discurso em que Hollande anunciou o pacto na semana passada e, principalmente, a exigência de contrapartidas do empresariado. Mas lembra que "o diabo se esconde nas entrelinhas": o presidente usou "objetivos definidos" de criação de empregos, mas não "compromisso".

No dia seguinte ao anúncio, o presidente da associação de empresas Medef, Pierre Gattaz, disse que um "compromisso jurídico escrito é impossível". Em editorial, o diário progressista cita uma pesquisa que aponta que a maioria dos franceses não confia no empresariado para reverter a onda de desemprego. "Cabe ao presidente provar o contrário". As negociações começam nesta terça-feira e prometem ser acaloradas.

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.