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Debate sobre limites da vida privada e virada social-democrata de Hollande ocupam manchetes

Passados nove dias do escândalo político em que se transformou a revelação de que o presidente francês, François Hollande, mantém um relacionamento extraconjugal com a atriz Julie Gayet, a imprensa francesa deste sábado analisa a mudança da percepção sobre a vida privada no país nas últimas décadas. O jornal Libération publica sete páginas de reportagens sobre o tema e traz, na capa, a manchete “Vida privada, vida pública: a nova fronteira”. Já o diário Le Figaro investigou se houve falhas na segurança do presidente, após a revelação de que o socialista visitava a amante acompanhado de apenas um segurança. O Le Monde, por sua vez, prefere contar os bastidores da virada social-democrata de Hollande.

Presidente francês teve ampla exposição nos jornais na última semana.
Presidente francês teve ampla exposição nos jornais na última semana. REUTERS/Philippe Wojazer
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No “Libé”, o “Closergate”, como foi apelidada a revelação da revista de celebridades Closer, é “o símbolo de uma sociedade contraditória, dominada pela sede de transparência”. O jornal constata que “haverá um antes e um depois” do caso, seja para os políticos quanto para os jornalistas.

Para o Libération, a revelação levanta a questão sobre a fronteira entre o público e o privado, “uma questão crucial em que a internet e as redes sociais tendem a misturar as linhas, e sobretudo em que se pede aos políticos cada vez mais transparência”.

Em editorial, o jornal destaca que, nas redações, o assunto foi alvo de fortes polêmicas entre os jornalistas, ao longo da última semana. E lembra que, historicamente, a imprensa francesa mantém um relacionamento por vezes íntimo com os políticos, fazendo com que, em muitas ocasiões, prefira se calar a constranger o poder, quando se trata da vida privada.

Segurança em foco

Enquanto isso, uma reportagem do Figaro explica como funciona a segurança presidencial na França. O assunto veio à tona depois da revelação de que apenas um homem acompanhava o presidente nas suas escapadas à rue du Cirque, a poucos metros do Palácio do Eliseu, onde se encontrava com a atriz.

Segundo o jornal, dos 60 policiais encarregados de garantir a segurança de Hollande e da primeira-dama, Valérie Trierweiler, somente dois realizavam a tarefa de escoltar o presidente até o apartamento onde encontrava a amante. Ambos conhecem o presidente de longa data e são “de inteira confiança” do socialista, assegura o diário. Segundo o Figaro, até o momento nenhum agente foi destacado para proteger Julie Gayet.

Virada social-democrata

Já o Le Monde prefere ignorar o assunto na sua edição deste sábado. Com a manchete “Os 15 dias que mudaram Hollande”, o jornal explica os bastidores de outra razão pela qual o presidente não saiu das páginas dos jornais nos últimos dias: a sua virada social-democrata. O Monde afirma que a mudança ocorreu “em diversas etapas”.

Primeiro, passou pela constatação de que a situação econômica da França era pior do que imaginava. Hollande então entendeu que seria necessário “correr riscos” se quisesse cumprir a promessa de reduzir o desemprego, mesmo que isso significasse desagradar a ala mais à esquerda do Partido Socialista. No ano passado, o presidente não cessou as consultas aos empresários para tentar chegar a um acordo sobre a redução dos impostos trabalhistas, o que resultou na proposta anunciada na última terça-feira: menos encargos contra mais empregos.
 

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