Acessar o conteúdo principal
Linha Direta

Eleitores devem aprovar Constituição do Egito sem conhecer o texto

Publicado em:

Cerca de 53 milhões de egípcios, 52 milhões no país e um milhão no exterior, foram chamados às urnas nesta terça e quarta-feira (14 e 15)  para votar no referendo sobre a nova Constituição do país, reescrita por um grupo nomeado pelos militares após a queda do ex-presidente islamita Mohamed Mursi, em julho do ano passado. A votação, no entanto, é vista também como um referendo ao chefe das Forças Armadas e o resultado poderá dar impulso à sua eventual candidaturaà presidência do Egito.

Fila de eleitores no Cairo para votar no referendo da nova Constituição neste 14 de janeiro de 2014.
Fila de eleitores no Cairo para votar no referendo da nova Constituição neste 14 de janeiro de 2014. REUTERS/Mohamed Abd El Ghany
Publicidade

O referendo parece ter uma única opção. Há várias semanas, as ruas do Cairo foram tomadas por diversos cartazes estimulando a população a comparecer às urnas e aprovar a Constituição. A maioria dos partidos aderiu ao discurso do governo e apoia o voto no “sim”. Na televisão, também só há espaço para campanha a favor do texto, já que a maioria dos canais privados apoia o atual governo.

Hugo Bachega, o correspondente da RFI no Cairo, explica que a campanha pelo “não” é praticamente inexistente, mas não pela falta de opositores. Grupos que pregam o “não” alegam ter sofrido repressão de autoridades. Sete integrantes de um partido foram detidos pela polícia por estarem portando cartazes contrários à nova Carta.

Hugo também informa que a  Irmandade Muçulmana, do ex-presidente Mursi, e vários outros grupos, anunciaram que irão boicotar o pleito e pediram para que seus partidários façam o mesmo. Mas é incerto qual será o efeito desta posição, já que centenas de lideranças e partidários islâmicos foram detidos nos últimos meses em meio a uma forte ofensiva do governo contra a Irmandade.

Bachega também observa que a votação tem sido vista como um referendo ao general Sisi e pode incentivar uma eventual candidatura dele à presidência. Sisi e o Exército são imensamente populares entre os egípcios. Cartazes com o rosto do general estão por toda a parte no Cairo e é fácil encontrar demonstrações de apoio nas ruas. O jornalista conversou  com vários eleitores nos últimos dias e eles eram praticamente unânimes no voto a favor da nova Constituição.

Hugo revela um dado sintomático da situação: uma pesquisa divulgada na semana passada apontou que os egípcios deverão aprovar a nova Constituição mesmo sem conhecer o seu conteúdo, já que 59% disseram não ter lido nenhum trecho. Outros 36% relataram terem lido apenas partes do texto.

O referendo é mais um passo no mapa do caminho traçado pelos militares que depuseram Mursi, que prevê a realização de eleições parlamentares e presidenciais ainda neste semestre. As datas e a ordem de votação ainda não foram divulgadas.

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Veja outros episódios
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.