Grã-Bretanha estaria mais vulnerável ao terrorismo após revelações de Snowden
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A Comissão de Inteligência e Segurança do Parlamento britânico realizou uma audiência com os chefes dos três principais órgãos do serviço secretro do país nesta quinta-feira. O objetivo foi medir o estrago causado pelas revelações do ex-funcionário da CIA Edward Snowden. Os três oficiais adotaram um discurso alarmista e disseram que a Grã-Bretanha ficou muito mais vulnerável a ataques terroristas.Clique acima para ouvir mais informações sobre essa audiência com nosso correspondente em Londres, Ulisses Neto.
Na audiência, os três oficiais adotaram uma postura mais de ataque às revelações feitas por Snowden do que apresentaram explicações sobre o monitoramento em massa dos cidadãos britânicos. Participaram desta reunião Andrew Parker, chefe do MI5 – do departamento de inteligência doméstica – John Sawers, chefe do MI6 – que é o serviço de espionagem internacional – e Iain Lobban, chefe do GCHQ – que é o equivalente da NSA na Grã-Bretanha.
John Sawers chegou a dizer que os inimigos do país estão esfregando as mãos e que a Al-Qaeda está salivando depois das reportagens publicadas pelo The Guardian e repercutidas ao redor do mundo.
Os três dirigentes britânicos não apresentaram, no entanto, dados concretos para explicar o porquê da Inglaterra estar mais vulnerável agora. Disseram apenas que 34 ameaças terroristas foram interceptadas no país desde os ataques da Al-Qaeda ao metrô de Londres em 2005 e que esse trabalho de inteligência estava prejudicado.
A audiência foi aberta ao público, transmitida por televisão e rádio, algo que nunca havia ocorrido antes. Normalmente os chefes da espionagem prestam contas ao parlamento em sessões fechadas. Mas por causa de toda a repercussão desde as revelações de Snowden esse procedimento foi alterado.
Os jornais britânicos se mostraram decepcionados com o encontro. O jornal The Guardian, que publicou as revelações de Snowden, disse estar surpreso pelo fato de que não houve um debate substancial sobre as revelações de espionagem em massa e monitoramento dos cidadãos comuns.
Os chefes do serviço secreto do Reino Unido, que contam com um orçamento anual de quase 8 bilhões de reais, ou um terço do que o Brasil gasta com o bolsa família, a título de comparação, reconheceram que é preciso ter mais transparência nas operações para não quebrar a relação de confiança com a população.
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